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    Alvaro Costa e Silva

    Criador da Lei Rouanet defende Operação Boca-Livre e critica CPI

    18/10/2016 02h00

    Reprodução/Instagram
    Decoração do casamento investigado pela Polícia Federal, em Jurerê Internacional
    Decoração de casamento investigado; suspeita da PF é que festa foi paga com dinheiro da Lei Rouanet

    RIO DE JANEIRO - Ao voltar de um congresso no exterior, a socióloga Barbara Freitag Rouanet teve o passaporte examinado com atenção pelo agente da Polícia Federal: "Rouanet?! A senhora tem alguma coisa a ver com a lei?" Barbara respondeu, quase sem pensar: "Sou casada com ela".

    Em 1991, ao receber uma ordem do presidente Collor, o diplomata Sérgio Paulo Rouanet — que ocupava a pasta de secretário da Cultura, cargo com status de ministro — jamais imaginou que teria seu nome eternamente rolando em bocas de Matilde. Ele conta que a ideia era substituir a Lei Sarney (também de incentivo à cultura): "Perguntei se a nova lei se chamaria Lei Collor. Ele disse não, sugerindo meu nome, pois sabia que estava me entregando às feras".

    Ao deixar o governo após o impeachment de 1992, Rouanet retornou ao Itamaraty; escreveu livros de ensaios, entre os quais "Riso e Melancolia", uma esplêndida releitura das "Memórias Póstumas de Brás Cubas"; e, a pedido da Academia Brasileira de Letras, organizou a correspondência completa de Machado de Assis em cinco volumes.

    Mas não consegue ver-se livre da lei que em dezembro vai completar 25 anos: "Acho que não deve ser revogada. Mas é preciso corrigir suas distorções. O que eu queria mesmo era que ela passasse a ser chamada de Lei nº 8.313".

    Contrário à CPI que estuda a convocação de grande elenco: o ex-presidente Fernando Henrique, o ex-ministro Gilberto Gil, o ator José de Abreu e até Bia Doria, mulher do prefeito eleito de São Paulo, João Doria —, Rouanet defende a Operação Boca-Livre, da Polícia Federal, que investiga o desvio de cerca de R$ 180 milhões dos cofres públicos. "É caso de polícia. Um grupo de bandidos introduziu práticas criminosas valendo-se da lei, algumas de caráter grotesco como aquela festa de casamento ao som de música sertaneja".

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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