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    Alvaro Costa e Silva

    Febeapá moderno: Senado quer discutir enredo de escola de samba

    17/01/2017 02h00

    Lalo de Almeida - 19.fev.2012/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, 19.02.2012 - Desfile da escola de samba Mocidade que tem como samba-enredo "Por ti, Portinari, rompendo a tela, a realidade", na Marque de Sapucai no Rio de Janeiro durante o Carnaval 2012. (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress, COTIDIANO)
    Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro

    RIO DE JANEIRO - Fevereiro promete. Carnaval em tempos de crise é sempre espetacular. Aliás, nem parece crise: a expectativa é de mais de 5 milhões de pessoas nas ruas do Rio. A prefeitura liberou 473 blocos e bandas - de mais de 500 inscritos - para desfilar. Alguns são estreantes, como o Chinelo de Dedo, do Centro, ou o Bangay Folia, de Bangu.

    Vai ter trio elétrico baiano: o Bloco da Eva, do grupo de axé, sairá na Praia do Pepê, Barra da Tijuca - felizmente bem longe de onde se concentram os verdadeiros foliões. Estes preferem a desobediência civil, no melhor estilo bloco de sujos: seis ou sete amigos e amigas, vestidos com sobras da Casa Turuna, marcam encontro numa esquina, armam-se de tamborins e pandeiros e seguem em cortejo cantando velhas marchinhas e sambas-enredos.

    O melhor até agora é a polêmica envolvendo a Imperatriz Leopoldinense e o enredo "Xingu: o Clamor que Vem da Floresta", que faz críticas ao agronegócio. Um dos versos do samba chama a usina de Belo Monte de "belo monstro". Desde 1970, quando a Portela desfilou com "Lendas e Mistérios do Amazonas", a temática indígena é figurinha fácil na avenida, e quase sempre explorando a vertente política e contestatória.

    "O agro é tech, o agro é pop" e acha que pode tudo, inclusive agir como capitão do mato. Numa reedição do Febeapá (Festival de Besteira que Assola o País), o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) quer propor uma sessão no Senado para descobrir os financiadores da Imperatriz. Poderia ter proposto o mesmo quando o agronegócio patrocinou enredos esdrúxulos como o cavalo mangalarga, o iogurte e a cidade de Sorriso (MT).

    No mais, a festa resiste. Marcelo Crivella, o novo prefeito, está tendo aulas de samba no pé, para não fazer feio em sua primeira aparição no Sambódromo. Esquindô lelê.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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