• Colunistas

    Monday, 20-May-2024 17:50:54 -03
    Alvaro Costa e Silva

    Crise no Rio revela um triste retrato nas ruas

    28/03/2017 02h00

    Alessandro Buzas/Futura Press/Folhapress
    Protesto de servidores públicos contra o ajuste fiscal termina em confronto PM em frente à Assembleia Legislativa do Rio, nesta quarta-feira
    Protesto de servidores públicos contra o ajuste fiscal em frente à Assembleia Legislativa do Rio

    RIO DE JANEIRO - A feirinha das velharias inúteis não chega a ser uma novidade mas, com a crise, anda bombando. Ocorre na Glória, sempre aos domingos, nas imediações do Palácio São Joaquim, residência do primeiro arcebispo da cidade. Lá pelas 9h o pessoal chega e expõe à venda, no chão, o que sobrou de suas casas: castiçais, porta-retratos, abajures, pratos, talheres, roupas, mesinhas de cabeceira, quadros, espelhos, televisores, vitrolas, celulares pré-históricos, LPs arranhados.

    Dá tristeza. É um cenário de horror, acrescido pela presença dos moradores de rua que se deitam, em andrajos, nas calçadas do Catete. Segundo levantamento da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, o número de pessoas que vivem nas ruas do Rio —sobretudo no Centro, Copacabana e Tijuca— triplicou em menos de um ano, batendo em mais de 15 mil.

    Ao que parece, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa, não costuma frequentar a feirinha da Glória nem passear no Catete. Na semana passada ele disse que o Rio corre o risco de uma "convulsão social". Foi um recado nada sutil, para cobrar celeridade na aprovação do projeto de recuperação fiscal dos Estados. Em português claro: "Cadê o dinheiro?".

    No melhor estilo da "famiglia", Picciani lembrou o atraso de salários na área de segurança. Só com policiais civis, em greve há dois meses –apenas os casos mais graves têm sido atendidos–, a dívida chega a R$ 82 milhões. A resposta do governo estadual é a mesma: não há dindim.

    Enquanto isso, o governador Pezão —a cada dia mais isolado politicamente— segue metendo os pés pelas mãos administrativamente: propôs cortar em 30% o salário de funcionários da já desmontada UERJ. "Quem não trabalha não pode receber", reclamou. Como toda a população sabe, nem quem trabalha consegue receber.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024