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    Alvaro Costa e Silva

    Cartola é hoje uma unanimidade

    02/05/2017 02h00

    Foto de Acervo/Folhapress
    Mônica Bergamo 16.10.2016 - O compositor, cantor e instrumentista Cartola. (00.10.1978. Foto de Acervo UH/Folhapress)
    O compositor, cantor e instrumentista Cartola

    Em cartaz até 28 de maio, "Cartola: O Mundo é um Moinho" tem lotado o Teatro Carlos Gomes. É mais um musical-homenagem que repassa momentos da vida do artista, fórmula um tanto gasta, mas ainda infalível. No fundo, a plateia quer ouvir grandes canções —e, tratando-se do divino compositor de Mangueira, isso é fácil.

    Incrível como Cartola ainda hoje guarda surpresas. Outro dia tive a sorte de descobrir uma "inédita" dele. "Consideração", parceria com Heitor dos Prazeres gravada por Beth Carvalho em 1980, é um samba-canção clássico. Ouçam.

    Seus dois primeiros discos individuais —lançados em 1974 e 1976 pela Marcus Pereira e produzidos, respectivamente, por João Carlos Botezelli, o Pelão, e por Juarez Barroso— estão voltando às lojas em vinis de 180 gramas.

    O time de músicos —comandado pelo maestro Horondino Silva, o Dino Sete Cordas— é impressionante: Meira, Canhoto, Copinha, Raul de Barros, Abel Ferreira, Marçal, Wilson Canegal, o fagote de Airton Barbosa e o violão do novato Guinga no primeiro registro de "O Mundo é um Moinho".

    Como se fora pouco, ele acaba de virar personagem da literatura argentina. No romance "1982" —história de amor entre madrasta e enteado passada no tempo da Guerra das Malvinas— o avô do personagem principal é um jazzista que rodou o mundo e tocou com Cartola e Django Reinhardt.

    O escritor Sergio Olguín, em visita ao Rio para a Bienal do Livro de 2015, aproveitou para fugir da programação oficial e foi ao Trapiche Gamboa. Ao ouvir a música do brasileiro pela primeira vez, apaixonou-se na hora. "É maravilhosa", garante Olguín.

    Um dos pais fundadores do samba moderno, cantor rústico, violonista intuitivo, letrista inspirado, melodista surpreendente, Cartola é quase unanimidade. O "quase" vai na conta de Caetano Veloso, que prefere Nelson Cavaquinho.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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