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    Alvaro Costa e Silva

    Luciano Huck vive um momento de 'se colar, colou'

    16/05/2017 02h00

    Pedro Ladeira-19.abr.2017/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 19-04-2017, 12h00: O presidente Michel Temer participa de cerimônia comemorativa ao dia do exército, no Setor Militar Urbano. Várias autoridades receberam condecorações, entre eles o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da operação Lava Jato e o apresentador de TV Luciano Huck. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Sergio Moro e Luciano Huck participam de cerimônia de entrega de medalha de honra do Exército

    RIO DE JANEIRO - Sempre revolucionário, seja para o bem ou para o mal, o Império Serrano foi a primeira escola de samba a adotar o patrocínio. Em 1985 apresentou o enredo "Samba, Suor e Cerveja: O Combustível da Ilusão", que mal disfarçava o nome de uma marca de bebidas. Não desceu bem, e a escola terminou em sétimo lugar.

    A partir de então, a prática —considerada espúria pelos mais tradicionalistas— tomou conta da avenida. O desfile se transformou em veículo de propaganda institucional de governos e empresas: quase todos os Estados e inúmeras cidades foram contemplados, o agronegócio se fartou e duas gigantes do transporte aéreo exibiram suas logomarcas no Sambódromo. De novo o Império se superou, ao cantar o Beto Carrero World, em 1997. Caiu para o segundo grupo.

    Em 2013 a jogada atingiu o auge. O Salgueiro topou um enredo sobre a revista "Caras", a Mocidade Independente exaltou o Rock in Rio e a Grande Rio foi fundo ao falar do pré-sal. Parecia um ponto sem volta na história do Carnaval carioca, mas aí a recessão no Brasil deu os primeiros sinais de vida. O dinheiro fácil acabou. Os patrocínios, também.

    Luciano Huck tentou reviver o esquema. Em troca de R$ 6 milhões, ofereceu-se como enredo a duas escolas, Salgueiro e Mangueira, que logo responderam: "Não!". Diante da bola fora, ele se apressou em negar a notícia. Como nega os planos de concorrer à Presidência no ano que vem. Huck já trocou juras de amor com o PSDB e atualmente está "ficando" com o partido chamado (em letras garrafais) NOVO. Vive um momento de "se colar, colou", na tentativa de ser um Berlusconi ou um Trump, e seguir o modelo da democracia mediática e populista.

    Qualquer maluco pode jogar dinheiro fora no Carnaval. Jogar um país inteiro para o grupo de acesso —mais uma vez— são outros quinhentos.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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