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    Alvaro Costa e Silva

    No fim, o crime compensa

    04/07/2017 02h00

    Dorivan Marinho/Fotoarena/Folhapress
    ORG XMIT: 384601_0.tif Vista do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, DF. (Brasília, DF, 22.09.2010. Foto de Dorivan Marinho/Fotoarena/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Vista do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF)

    RIO DE JANEIRO - Gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, Aécio Neves ficou pouco tempo afastado de suas funções parlamentares. Todo garboso, vai voltar ao Senado, por decisão do Supremo Tribunal Federal. Ex-deputado federal e ex-assessor de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, o homem da corridinha ridícula com a mala estufada por R$ 500 mil, que estava preso, agora está solto, também por determinação do STF.

    Melhor parar de ler e de pensar nessas coisas. Fazem mal à saúde. Um livro policial, além de divertido, é menos traumático (mesmo que no fim o criminoso não seja punido, delatores e delatados terminem soltinhos da silva e na sociedade continue tudo como antes). É uma delícia quando se tem uma pilha deles ao alcance da mão e, nela, um autor sensacional que, por sorte, você ainda não conhecia.

    Inglês que viveu na Itália, Michael Dibdin (1947-2007) é o criador de Aurelio Zen, cana dura avesso a tiros e violência, que, na melhor tradição da literatura "noir", tem um passado misterioso: encrencou-se com o poder durante as investigações da Operação Mãos Limpas (tantas vezes comparada com a nossa Lava Jato) e foi posto a escanteio.

    Em "Ratking" ("Nó de Ratos" na tradução brasileira, só encontrável em sebos), Zen recebe a lição de como funciona o esquema de crimes. É semelhante à rataria: "Um grande número de ratos vivendo num espaço muito pequeno, sofrendo pressão excessiva. Começam a embaralhar os rabos, e quanto mais se esforçam para se libertarem, mais o nó que os une aperta, até que todos se transformam numa sólida massa de tecido emaranhado (...). Ninguém espera que uma aberração desse tipo sobreviva, certo?".

    Pois a rataria é autorreguladora. Reage automaticamente às ameaças. Cada rato defende os interesses dos outros. Qualquer semelhança com o Brasil é mera coincidência.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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