Franck Fife/AFP | ||
Portugal e México pela Copa das Confederações; árbitro de vídeo entrou em ação na partida |
-
-
Colunistas
Friday, 03-May-2024 03:01:38 -03Alvaro Costa e Silva
A bola entrou? Pergunte ao árbitro de vídeo
08/08/2017 02h00
RIO DE JANEIRO - O futebol não costuma acabar no apito final. Continua nos comentários da rua, do botequim, do rádio, da televisão, nas gozações do dia seguinte no trabalho. Até o próximo jogo. Essa cultura, hoje, transferiu-se para as redes sociais, quase sempre de forma violenta e covarde. A corneta grita espumando de raiva.
Depois de ter sido acusado de repassar a informação que resultou na anulação de um pênalti na partida entre Santos e Flamengo, o jornalista Eric Faria sofreu até ameaças de morte. Devido ao mesmo lance do mesmo jogo, o árbitro, como de praxe, teve a honra da senhora mãe dele posta em dúvida —não só no estádio, sobretudo na internet— por um erro que não cometeu.
Essa e outras confusões estão ligadas à "interferência externa", ou seja, quando o juiz toma uma decisão baseada em informações de fora, de alguém que não pertença ao quadro de arbitragem, um cartola, um repórter, um gandula, um maqueiro, um torcedor com acesso ao campo. Se isso acontecer, a partida pode ser anulada. Mesmo o replay do lance no telão do estádio está proibido.
Acontece que tal interferência, paradoxalmente, vai virar regra. Na próxima Copa do Mundo, na Rússia, teremos a figura do árbitro de vídeo. O recurso tecnológico tem por objetivo dirimir as dúvidas e será usado em casos de expulsão, pênalti e gol (se a bola entrou ou não, afinal). Louvável. Mas, no primeiro grande teste, já deu polêmica. Num jogo do Mundial de Clubes, foi marcado um pênalti que não foi pênalti. Para complicar, o jogador estava impedido –numa "banheira" digna do Mário Vianna.
Corre-se o risco de a tecnologia aumentar a confusão, e o jogo ficar ainda mais feio e truncado. Futebol nem sempre é justiça: valerá a pena prescindir das dúvidas e dos erros? O pessoal vai continuar do mesmo jeito xingando a mãe no Twitter.
Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -