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    Alvaro Costa e Silva

    Me dá um 'geddel' aí

    12/09/2017 02h00

    Divulgação
    Polícia Federal encontra malas de dinheiro em endereço atribuído a Geddel Vieira Lima
    Polícia Federal encontra malas de dinheiro em endereço atribuído a Geddel Vieira Lima

    RIO DE JANEIRO - Guardar dinheiro em casa, em nossa época de investimento e rentabilidade, era considerado burrice. Até a Operação Lava Jato revelar que esse antigo hábito é uma estratégia esperta e moderna de políticos e empresários.

    Até então, a história mais extraordinária envolvia um Mané. Na biografia "Estrela Solitária: Um Brasileiro Chamado Garrincha", Ruy Castro revela que, logo depois da Copa da Suécia, em 1958, o craque deu para Nair, sua primeira mulher, um dinheiro. Ela o escondeu debaixo do colchão e esqueceu. Quando lembraram, anos de xixi das filhas do casal haviam apodrecido não só o colchão como as notas.

    Garrincha espalhava pela casa todo tipo de grana que recebia de "bicho" pelos jogos na seleção e no Botafogo: cruzeiros, libras, francos, liras, pesetas, coroas suecas, florins holandeses, soles e bolivares, cheques e maços de dólares. Só abriu uma conta no banco depois de muita insistência dos amigos jornalistas Sandro Moreyra, Armando Nogueira e Araújo Netto. Mesmo assim, desconfiadíssimo.

    Pois agora ficamos sabendo que Joesley "Nós Vai" Batista — que está preso — declarou ao Imposto de Renda que possuía R$ 3,5 milhões em espécie. O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (preso), indicado por Dilma Rousseff para sanear a empresa, também guardava uma bolada viva em casa. Mas nada que se compare aos R$ 51 milhões, em notas de real e dólar, mocozados por Geddel Vieira Lima (preso), ex-ministro de Michel Temer. A exposição das malas com as cédulas e sua posterior contagem, que levou 14 horas de trabalho e utilizou sete máquinas, é uma das cenas mais pornográficas da recente história do Brasil.

    Existe uma infinidade de sinônimos para dinheiro: tostão, arame, capim, dindim, tutu, bufunfa, milho, erva, gaita, baba. Desde a semana passada, ele também passa a atender por geddel.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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