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    Alvaro Costa e Silva

    Vereador quer a 'independência' do Arpoador

    31/10/2017 02h00

    Cristophe Simon/AFP
    BRASILIA, DF, BRASIL, 11-10-2017, 09h00: O ministro Luiz Roberto Barroso. Sessão plenária do STF, sob a presidência da ministra Carmen Lucia. O plenário julga hoje se é necessário aval do Congresso para a aplicação de medidas judiciais restritivas contra parlamentares, como suspensão das atividades públicas e recolhimento domiciliar. A relatoria é do ministro Edson Fachin e a decisão afeta o caso do senador afastado Aecio Neves (PSDB-MG). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) BRASILIA, DF, BRASIL, 01-06-2017, 14h00: O ministro Gilmar Mendes. Sessão do STF na tarde de hoje. Sob a presidência da ministra Carmen Lucia, o tribunal prossegue no julgamento sobre limites ao Foro Privilegiado, matéria sob relatoria do ministro Luiz Roberto Barroso. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Vista do Arpoador, no Rio de Janeiro

    RIO DE JANEIRO - Talvez por não ter nada para fazer na Câmara, um nobre vereador do Rio resolveu surfar na onda separatista da Catalunha.

    Carlo Caiado (DEM) apresentou um projeto de lei que propõe a subdivisão de Copacabana e Ipanema, criando o bairro do Arpoador, formado pelo polígono limitado pelas ruas Gomes Carneiro, Bulhões de Carvalho (a popular Quase-Quase) e Francisco Otaviano, nele incluído a grande pedra —da qual, no passado, arpoavam-se baleias— e a faixa de areia com cerca de 500 metros de comprimento mundialmente famosa. Dali descortina-se, em arco, uma das mais belas vistas da cidade: toda a praia de Ipanema e a do Leblon, os picos do morro Dois Irmãos e a pedra da Gávea.

    Encantos e histórias abundam no Arpoador e na vizinha praia do Diabo. Em 1916 Isadora Duncan dançou nua à beira-mar, ao lado do gordote João do Rio, que, contendo-se o mais que pôde, continuou vestido como um dândi inglês. Na década de 1940, enquanto os garotos pegavam jacaré de peito, as meninas usavam maiôs de duas peças, com a calcinha a quatro dedos acima do umbigo.

    Região mais ou menos secreta até a explosão imobiliária dos anos 1970, funcionou como laboratório de modas e costumes. Nasceu ali o gesto bobo de aplaudir o pôr do sol, e, sob a lona azul e branca do Circo Voador, a Blitz fez em 1982 um show mágico para pouco mais de 100 pessoas, mas que todo carioca garantiu ter assistido: "Você não soube me amar!".

    Periga que, depois do Arpoador, a independência chegue a outras plagas. O Leme até escolheu o hino, na voz de Carmen Miranda: "Paris, je t'aime, mas eu gosto muito mais do Leme". Na fila da emancipação, estão Lido, Bairro Peixoto, Bar Vinte, Beco da Cirrose, Complexo da Ouvidor-Rosário, Baixo Gávea, Alto e Baixo Leblon. E um amigo meu já se prepara para coroar-se rei das ilhas Cagarras.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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