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    Alvaro Costa e Silva

    Prefeito viajandão vai à China, mas não a Santa Cruz

    14/11/2017 02h00

    Yasuyoshi Chiba/AFP
    Marcelo Hodge Crivella. Marcelo Crivella (PRB), fechou seu primeiro mês na Prefeitura do Rio nomeando seu filho, Marcelo Hodge Crivella, conhecido como "Marcelinho", para a Casa Civil do município.
    O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella

    RIO DE JANEIRO - Numa daquelas manjadas enquetes, Marcelo Crivella foi pouco original ao indicar seu livro preferido: a Bíblia. Como a cada dia o prefeito prova que não conhece e não gosta do Rio, gostaria de lhe sugerir dois escritores, essencialmente cariocas, que entenderam e amaram a cidade: Nelson Rodrigues, autor de "Meu Destino é Pecar", e Machado de Assis, cujo romance "Esaú e Jacó" está calcado num tema bíblico.

    Além da leitura civilizatória, Nelson e Machado podem oferecer ao prefeito lições de vida prática. O primeiro dizia que "a viagem é a mais burra e empobrecedora das experiências humanas. O homem existe em função do vizinho, da rua, das esquinas que ele percorre, dos credores, fornecedores, paisagens". Já o Bruxo praticamente nunca deixou o Rio, preferindo viajar à roda da sua escrivaninha.

    Desde que assumiu o cargo, Crivella acumula milhagens. Já esteve na Holanda, Rússia, Emirados Árabes, Israel, Estados Unidos, África do Sul e, mais recentemente, China. Apesar de sempre reclamar dos problemas de caixa, autorizou um reajuste de 46% no valor das diárias de viagem. Ou seja, dá pista de que pretende voar ainda mais. Quem sabe no período do Carnaval, para descansar ou fugir à tentação.

    Dar um pulo a Campo Grande e Santa Cruz, que poderão ficar sem o sistema de BRTs, por conta de uma disputa entre empresários e prefeitura envolvendo o preço das tarifas, Crivella não quer. Ou caminhar pelas calçadas de Copacabana cheias de camelôs. Ou mesmo almoçar um peixinho —alimento santo— no Ancoramar (antigo Albamar), na praça Quinze, e descobrir por que o restaurante está às moscas e ameaça fechar: tem uma cracolândia em frente.

    São trajetos curtos e baratos, prefeito. Sem jet lag. Só não recomendo que o senhor pegue um ônibus. Faz um calorão lá dentro.

    alvaro costa e silva

    Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.

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