Está todo mundo confuso

Meryl Streep com Jessica Lange; Albert Hoffman (químico) com Abbie Hofmann (ativista); os atores Matt Dilon e Matt Damon.

No sábado de Carnaval, para divertir um pouco, listei aqui na coluna essas e outras confusões que costumo fazer. Pedi então que os leitores escrevessem contando as suas próprias trocas de bolas. Era uma espécie de tributo a meu tempo de colunista do "Folhateen", em que interagia muito com os leitores (mais arrumava encrenca do que interagia, mas vá lá).

Foram muitos e-mails, listando confusões das mais divertidas — várias que eu mesmo faço mas não tinha publicado, por falta de espaço ou de memória.
Assim, em vista do sucesso da promoção, peço licença para ocupar este venerando espaço, frequentado por tantos doutos colunistas, com mais um texto de amenidades. Com a palavra, os leitores.

Maurício S e João Marcos Cantarino mandaram uma clássica — confundem os atores Al Pacino e Dustin Hoffman. Devo dizer que eu também. Só não incluí na coluna passada porque fiquei na dúvida: com quem mesmo eu confundo o Dustin Hoffman?

O mesmo João Marcos contou se enrolar com outras duplas: Aluísio Azevedo e Álvares de Azevedo; Camille Pissarro e Camille Claudel; Claude Monet e Édouard Manet. Leitor fino é outra coisa. Como foi fino o leitor que disse se atrapalhar com os cineastas Lars von Trier e Gus Van Sant (pena que apaguei esse email sem querer e não guardei o nome).

Falando em gente culta, uma leitora da área científica, que pediu para não ser identificada, confunde os sais acetato de amônio e persulfato de amônio, além dos álcoois isoamílico e isopropílico. Química também é cultura!

A Beatriz (omito o sobrenome a pedido) também focou na ciência. Mendel (o pai da genética) e Mendeleiev (da tabela periódica) se embaralham em sua mente, que também confunde os filmes "O Clube dos Cinco" e "A Garota de Rosa-Shocking" (imagino que várias pessoas tenham se identificado aqui, os longas são mesmo parecidos).

E, para quem se lembra do tema de "A Garota de Rosa-Shocking", da banda Simple Minds, o Daniel Daibem revelou que confunde esse grupo com o Simply Red. Quem nunca, não é mesmo, Daniel?

Jackson do Pandeiro e Jacob do Bandolim são os fantasmas que assombram o Antonio Carlos Terra. E, ainda na área musical, o Jair do Nascimento, popular Jica, escreveu para agradecer. Quando soube que eu misturava os guitarristas Joe Satriani e Steve Vai, viu-se diante de uma revelação: para ele, até ler a coluna, os dois eram a mesma pessoa.

Jorge Demetrio mandou uma bem boa, na mesma onda: para ele, durante muito tempo, eram o mesmo ser humano John Cale (do Velvet Underground), JJ Cale (guitarrista, autor de "Cocaine") e, last but not least, o compositor de vanguarda John Cage! Admito que, quando mais jovem, John Cale e JJ Cale também me confundiram bastante. Mas nunca cheguei a misturar o velho Cage nesse rolo.

Em um e-mail muito simpático, a Juliana (também pediu para omitir o sobrenome) revelou se confundir entre Mallu Magalhães e Manu Gavassi. Sobre essa, nada posso dizer: não sei quem é Manu Gavassi...

De volta à literatura, Denise Pires, leitora desde os tempos de

"Folhateen", revela que às vezes se embanana entre Guimarães Rosa e Graciliano Ramos. Em homenagem ao Oscar, conta que também troca Matthew McConaughey por Woody Harrelson.

Na linha "uma turminha muito louca", um leitor que manterei anônimo mandou uma mensagem lisérgica: "Quando numa festa, eu não confundo. Eu fixo num olhar, numa pessoa. E basta um sorriso para ficar gravado para todo e sempre. Basta um escondido por óculos de hastes de acetato, eis que o diabo da imagem prega na minha memória. Uma memória que, ao que me consta, gosta de livremente se apegar".

Mais diretas, a Patrícia Mota troca "foi" por "vou", a Marina Peixoto costuma embaralhar os algarismos 4 e 7, e a Fabíola (mais uma só com primeiro nome), que é do mundo jurídico, chamava o ex-ministro do STF Ayres Britto de Cezar Peluso, e vice-versa.

Acabou o espaço, sobraram confusões. Espero não ter confundido um leitor com outro. Obrigado a todos que escreveram, minhas desculpas a quem não consegui citar.

Na próxima, voltamos ao ritmo normal.