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    André Trigueiro

    Eleição de Trump coloca em risco acordo de Paris

    13/11/2016 02h00

    Joshua Roberts/Reuters
    U.S. President-elect Donald Trump (L) gives a thumbs up sign as he walks with Senate Majority Leader Mitch McConnell (R-KY) on Capitol Hill in Washington, U.S., November 10, 2016. REUTERS/Joshua Roberts ORG XMIT: WAS718
    Donald Trump faz sinal enquanto caminha com líder da maioria no Senado, Mitch McConnell

    Se o presidente eleito dos Estados Unidos levar à frente o que disse em campanha, a humanidade terá menos chances de resolver o maior problema ambiental do século 21. Donald Trump prometeu retirar o país -o segundo maior poluidor do planeta e o maior emissor per capita de CO2- do acordo global do clima fechado em Paris em dezembro do ano passado.

    Ainda que não possa fazer isso de imediato (um país deve esperar no mínimo três anos para retirar-se do acordo), Trump poderá causar imensos estragos no esforço global para evitar os piores cenários do clima. Se ignorar os compromissos firmados no tratado, dará um péssimo sinal para os demais países, que poderão se sentir igualmente desobrigados de realizar os esforços necessários nessa direção.

    A eleição de Trump caiu como uma bomba na COP-22 em Marrakech, que discute até a próxima sexta-feira a implementação do acordo do clima. O fato é que hoje ninguém sabe ao certo qual será o destino do tratado.

    Trump se comprometeu a retomar os investimentos em combustíveis fósseis, esvaziar a EPA (Environmental Protection Agency) e congelar as políticas implementadas por Obama nos últimos 8 anos em favor de fontes limpas e renováveis de energia. A comunidade científica deixou clara a aversão à proposta, ao reunir em um documento 375 assinaturas (entre as quais as do físico britânico Stephen Hawking e a do prêmio Nobel de física Steven Chu) em que denunciam que "as consequências seriam duras e de longo prazo, tanto pelo clima do nosso planeta como pela credibilidade internacional dos Estados Unidos".

    No ano passado, a oferta de vagas no mercado de energia renovável cresceu 5% em todo o mundo com 8 milhões de empregados, principalmente em atividades ligadas à geração de energia solar, eólica e à produção de biocombustíveis. Dez por cento desse contingente -aproximadamente 800 mil trabalhadores- são norte-americanos.

    Se o isolacionismo proposto pelo candidato republicano for de fato confirmado, há um grande risco de o acordo do clima ser implodido. Se isso acontecer, segmentos da sociedade civil pró-acordo em vários países poderão pressionar seus respectivos governos a questionarem Trump e, eventualmente, defenderem boicotes comerciais e outras ações contra os Estados Unidos. É esperar para ver.

    andré trigueiro

    Especializado em gestão ambiental e sustentabilidade, é jornalista, professor, escritor e conferencista. Escreve aos domingos, mensalmente.

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