Foi um sucesso o debate "Cozinha de Chef vs. Cozinha de Rua", do qual participei, durante a Flip, com minha colega do caderno "Comida" Alexandra Forbes. A Casa Folha estava lotada e o público participou com perguntas muito boas e comentários interessantes.

Não conhecia a Alexandra pessoalmente, mas sou leitor assíduo de seus textos e gosto de ler suas crônicas sobre os restaurantes estrelados do planeta. É um contraponto bacana aos locais mais simples e populares que tento indicar aqui na coluna.

Logo no início, tratamos de dissipar qualquer tipo de "rivalidade" que o nome do debate pudesse suscitar. Alexandra concordou comigo que boa comida é boa comida, independentemente do preço e do número de estrelas do restaurante.

Acho que o público, acostumado a ler Alexandra discorrendo sobre grandes chefs, se surpreendeu com sua descrição de barracas de tacos na Cidade do México e sua obsessão por cachorros-quentes inundados em molho de carne.

Eu gostei de ouvi-la falando do El Celler de Can Roca, em Girona, escolhido pela revista inglesa "Restaurant" o melhor restaurante do mundo em 2013. Alexandre divertiu o público com a descrição das entradas servidas, que incluíram azeitonas recheadas de anchova, que pendiam de bonsais.

Quando um leitor perguntou como nos preparamos para escrever sobre determinado restaurante, Alexandra disse que pesquisa muito e tenta descrever os pratos minuciosamente. Já eu, que não me considero crítico gastronômico, mas um jornalista que gosta de comer fora, tento achar lugares pitorescos que servem comida farta e barata.

Falamos de vários assuntos: dos altos preços cobrados por restaurantes no Brasil, da campanha maldosa dos governos contra a comida de rua em São Paulo e da impossibilidade de encontrar comida melhor que a de nossas infâncias.

O público adorou -e pareceu concordar- com esse pequeno interlúdio proustiano.