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    André Barcinski

    Retratos de um camaleão

    DE SÃO PAULO

    26/01/2014 02h30

    Na sexta-feira (31), o MIS - Museu da Imagem e do Som abre a exposição "David Bowie", com figurinos, fotografias, manuscritos e imagens de shows do cantor. Na última semana, o museu lançou, em parceria com a editora Cosac Naify, o livro "David Bowie", uma coleção lindamente ilustrada e com ótimos textos sobre a trajetória do artista, incluindo uma análise de Camille Paglia chamada "David Bowie no Apogeu da Revolução Sexual" e um texto do crítico musical Jon Savage, autor de um livro fundamental sobre a história do punk, "England's Dreaming", sobre o encontro de Bowie com o escritor "beat" William Burroughs e a importância do cantor para a cena punk inglesa.

    Roy Ainsworth/TheDavid Bowie Archive
    Bowie aos 16 anos em imagem 1963 para a banda The Kon-rads
    Bowie aos 16 anos em imagem 1963 para a banda The Kon-rads

    Folheando o livro, é impossível não se impressionar com a abrangência cultural, social e artística da obra de Bowie. Há mais de 40 anos, ele vem influenciando e sendo influenciado pelos artistas e movimentos mais interessantes e vanguardistas do mundo, seja a literatura distópica de Anthony Burgess, designers japoneses ou a música eletrônica e minimalista do Kraftwerk.

    Bowie parece ter um sexto sentido para prever tendências, absorvê-las e lançá-las como se fossem suas. Não foi o primeiro artista "glam", mas levou o gênero -literalmente- ao espaço com o futurismo de Ziggy Stardust; não foi o primeiro a se enfurnar na Alemanha pré-queda do muro para fazer experimentalismos eletrônicos melancólicos, mas os discos que lançou influenciaram incontáveis artistas; não foi o primeiro new wave, mas sua fase "Let's Dance" (1983) prenunciou a era e a sonoridade de megaestrelas pop como Madonna.

    E ele continua surpreendendo: num mundo vigiado por 40 bilhões de câmeras, conseguiu compor, gravar e lançar no ano passado um disco excelente -"The Next Day"- sem que ninguém soubesse.

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    CONEXÕES

    FILME

    LUNAR – bom
    O filho de Bowie surpreendeu com este filme de ficção científica, que trata de temas que sempre interessaram ao pai: viagens espaciais, isolamento e um sistema Opressor.
    DIREÇÃO: Duncan Jones
    DISTRIBUIDORA: Sony Pictures (DVD, R$19,90)

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    DISCO

    ALADDIN SANE – 40th ANNIVERSARY EDITION – ótimo
    Relançamento, em edição remasterizada, do clássico distópico que Bowie gravou em 1973, influenciado pelas leituras de J. G. Ballard e Anthony Burgess. Tem algumas das maiores canções de Bowie: "Watch That Man", "Panic in Detroit" e "Cracked Actor".
    ARTISTA: David Bowie
    GRAVADORA: Warner Music
    (R$ 34,90)

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    LIVRO

    DAVID BOWIE – ótimo
    AUTOR: vários
    EDITORA: Cosac Naify/ MIS –Museu da Imagem e do Som (320 págs., R$ 119,90)

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    LIVRO

    BOWIE – A BIOGRAFIA – bom
    Se você lê em inglês, compre "The Man Who Sold the World", de Peter Doggett, uma análise, música a música, de toda a produção de Bowie nos anos 1970. Para quem prefere ler em português, uma boa pedida é esta biografia, lançada pela Benvirá.
    AUTOR: Marc Spitz
    EDITORA: Benvirá (448 págs., R$ 54)

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    DISCO

    THE NEXT DAY – ótimo
    O mais recente disco de Bowie -e seu primeiro de inéditas em dez anos- foi uma ótima surpresa, um dos melhores lançamentos de 2013. O disco reuniu o cantor com seu velho colaborador, Tony Visconti, e traz uma sonoridade parecida com a de álbuns como "Scary Monsters (and Super Creeps)", de 1980, disco que influenciou Pixies e Smashing Pumpkins.
    ARTISTA: David Bowie
    GRAVADORA: Sony/BMG (R$ 29,90)

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    SHOW

    THE GLASS SPIDER TOUR – bom
    Acaba de ser relançado este filme-concerto da turnê de 1987. Aposto que Bowie tem calafrios ao ver este vídeo, com sua breguice absurda. O palco é em formato de aranha e os figurinos são típicos dos exageros flúor dos anos 1980, mas é tudo tão cafona que acaba sendo divertido. E tem Peter Frampton na guitarra, claro.
    ARTISTA: David Bowie
    GRAVADORA: Radar Records (R$ 22,90)

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