• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 16:47:52 -03
    Antonio Delfim Netto - Euclides Santos Mendes

    Espanto

    04/09/2013 03h30

    O aumento do PIB de 1,5% no segundo trimestre sobre o primeiro trimestre de 2013 foi consideravelmente maior que o de seu homólogo em 2012 (0,1%). Resultado superior às previsões do mercado.

    O espanto que produziu sugere uma dissonância entre o enorme pessimismo que o mercado tem manifestado e a realidade em que vivemos. Sem dúvida, houve uma deterioração da taxa anual de crescimento, quando medida no exercício que se encerra no primeiro semestre: 3,8% em 2011, 0,6% em 2012 e 2,6% em 2013.

    É visível que a taxa de crescimento entre cada trimestre sobre seu homólogo do ano anterior vem se acelerando, como se vê na tabela abaixo.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Fato importante é que, analisando pela oferta o aumento da taxa entre o segundo trimestre de 2012 e o de 2013, a recuperação da indústria, de -2,4% para +2,8%, explica metade do diferencial. Olhando pelo lado da demanda, vemos acomodação do consumo (privado e público).

    Fundamental foi o aumento de formação bruta de capital fixo, de -2,7% para +9%, e do comércio exterior: crescimento da componente exportação e diminuição da importação.

    Tais fatores seguirão jogando um papel importante na continuidade da aceleração do crescimento, desde que: 1) prossiga o esforço para melhorar a relação de confiança entre os setores público e privado; 2) as políticas fiscal e monetária atendam aos objetivos anunciados; 3) a política cambial, combinada com tarifas efetivas mais ajustadas, estimule as exportações no médio prazo e reduza as importações no curto; 4) a economia mundial acelere o seu crescimento, estímulo coadjuvante para nossas exportações.

    No curto prazo, a situação é complicada. Tendo crescido 2,6% no primeiro semestre de 2013 sobre o de 2012, as condições para um crescimento robusto no ano são duvidosas. O que pode mudar essa perspectiva é um enorme sucesso nos leilões de infraestrutura e energia e o comportamento amigável do governo, que coopte o "espírito animal" dos empresários com uma política pró-mercado, e não com subsídios.

    Com um crescimento de 2% no segundo semestre, o que hoje parece difícil, o crescimento do PIB em 2013 será parecido com 3%.

    ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.

    antonio delfim netto

    Ex-ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e Médici), é economista e ex-deputado federal. Professor catedrático na Universidade
    de São Paulo.
    Escreve às quartas-feiras.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024