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    Antonio Delfim Netto

    Temer desperta esperança de recuperação da economia

    27/07/2016 02h00

    Myke Sena/FramePhoto/Folhapress
    Temer conversa com o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) durante encontro com confederações comerciais e empresariais, no Planalto
    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente interino, Michel Temer

    O presidente interino, Michel Temer (PMDB), quieta e modestamente, está conseguindo despertar a esperança dos brasileiros na superação dos graves problemas em que fomos metidos pela exacerbação, a partir de 2012, de uma política econômica voluntarista.

    O modesto comportamento individual contrasta com o arrojo do projeto que apresentou à nação e cuja viabilidade depende da compreensão e paciência da sociedade e da sua capacidade de manter funcionando o "parlamentarismo de ocasião" que competentemente montou.

    Como insistem os seus críticos, os "principistas" e os "ideológicos", trata-se de uma remota possibilidade. Mas o que oferecem como solução alternativa, se não o "austericídio" (apenas o irresponsável "cortar na carne") ou insistir na volta ao "caos" (com a promessa de que desta vez "será" diferente)?

    Com todas as idas e vindas, os fatos mostram que a visão interna e externa do Brasil está mudando — e para melhor — numa velocidade nada desprezível: 1) a queda do PIB e a queda do emprego estão diminuindo; 2) a expectativa de retração de 2016 está menor e, para 2017, se generaliza a esperança de um crescimento positivo, o que é tudo que precisamos para dar maior probabilidade de sucesso para o projeto; 3) a "confiança" interna teve uma inflexão positiva e a externa dá bom sinais (a queda do risco Brasil); 4) a expectativa de inflação continua a reduzir-se (efeito da afirmação de que a "meta" é o objetivo para 2017); 5) há uma evidente preocupação do Executivo interino de melhorar as condições para acelerar o investimento privado em concessões, acompanhada de mudança profunda na constituição e no poder das agências reguladoras que foram miseravelmente descuidadas; 6) apesar do baixo crescimento do mundo, nosso saldo em conta corrente continua melhorando graças aos efeitos do ajuste cambial, que depende da expectativa sobre a taxa de juro real da economia. Ela está elevada porque o Banco Central, com razão, não está convencido do suporte fiscal necessário para iniciar a redução da Selic; 7) a profissionalização da administração das empresas estatais e, talvez mais importante, 8) a profunda mudança política produzida pela eleição do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara Federal e o seu melhor entendimento com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), o que deverá acelerar a aprovação do programa de ajuste fiscal.

    Quanto mais cedo o Banco Central se sentir confortável, mais cedo reduzirá a taxa de juros, ajustará melhor a taxa de câmbio e facilitará a retomada do crescimento.

    antonio delfim netto

    Ex-ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e Médici), é economista e ex-deputado federal. Professor catedrático na Universidade
    de São Paulo.
    Escreve às quartas-feiras.

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