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    Antonio Prata

    Repente do desmantelo

    05/04/2015 02h00

    Bom dia, eleitor da Dilma
    Bom dia, eleitor do Aécio
    Para a minha pobre rima
    Segundos de paz lhes peço

    A política eu ignoro
    De finanças, nada sei
    Mas algo parece claro
    O país não anda bem

    O caso não é pra pranto
    Nem tanto pra desespero
    Mas esfumou-se o encanto
    Disseminou-se um mau cheiro

    Governo pisou na bola
    Estamos em recessão
    Neguinho levou por fora
    No esquema do petrolão

    Bandido, vá pra cadeia
    Canhestro, perca o emprego
    E o povo bata panela
    Numa sessão descarrego

    Bobagem gritar: "Coxinha!"
    Inútil reclamar da elite
    Dizer: "Ó lá, ó a vizinha!
    Batendo sua Le Creuset!"

    Se houve, sim, roubalheira
    E foram por via errada
    Pode reclamar quem queira
    Doutor, perua, empregada

    Agora, amigo leitor
    Vire o ouvido pra mim
    Muito cuidado com o andor
    Que o santo é de barro, sim

    Tem paneleiro honesto
    Batendo sua Tramontina
    Mas tem brucutu funesto
    Tramando ideia ladina

    Lobo virou cordeiro
    Serpente posa de amiga
    Mas isso é tudo gaiteiro
    Querendo encher a barriga

    Viúva da ditadura
    Ladrão, PMDB
    Babam, tamanha fissura
    De tomar logo o poder

    Os Afanazios Jazadjis
    Tão levantando da tumba
    Os sultões, as Sherazades
    Ah! Tão dançando hula-hula

    A Bíblia (em leitura rasa)
    Fez a tacanha união
    Com a "bancada da bala"
    Pregando a lei de talião

    Querem –ai!– mandar rever
    Maioridade penal
    Querem proibir na TV
    O beijo homossexual

    Não é só o ódio ao PT
    (Embora achem um acinte)
    Desejam retroceder
    Pra antes do século 20

    Brigam tucanos, PT
    E o Brasil é testemunha
    Vendo o triste alvorecer
    Do trevoso Eduardo Cunha

    A burrice do fla-flu
    Arruína os brasileiros
    E empluma um urubu
    Chamado Renan Calheiros

    Em coisa de poucos anos
    Com este joguinho avaro
    Nasceram Felicianos
    Medraram os Bolsonaros

    Os dois partidos irmãos
    Nutridos do mesmo sal
    Em vez de darem as mãos
    Se fazem Caim e Abel

    Se liga, eleitor da Dilma
    Se liga, eleitor do Aécio
    Se o troço tá ruim assim
    Assado, vai ficar péssimo

    antonio prata

    É escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles 'Meio Intelectual, Meio de Esquerda' (editora 34).
    Escreve aos domingos.

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