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    Bernardo Mello Franco

    O céu é o limite

    04/01/2015 02h00

    BRASÍLIA - Ao assumir o Ministério do Esporte, o pastor George Hilton disse entender os atletas que se decepcionaram com sua escolha. Se eles tivessem assistido à sua cerimônia de posse, na sexta-feira, o Brasil correria o risco de perder as próximas Olimpíadas por WO.

    O novo auxiliar de Dilma Rousseff estreou com uma confissão: não tem a menor intimidade com os temas de sua pasta. "Posso não entender profundamente de esporte, mas entendo de gente", afirmou. "Alguém disse que o ministério tem que ser ocupado por um técnico. Mas o que mais temos aqui são bons técnicos", prosseguiu, para constrangimento de servidores que assistiam à solenidade.

    No primeiro mandato de Dilma, o ministério se notabilizou por repassar dinheiro público a ONGs ligadas ao PC do B. No segundo, pertencerá ao PRB, sigla controlada pela Igreja Universal. Antes de nomear sua nova equipe, a presidente disse que consultaria o Ministério Público para prevenir escândalos. Bastaria ter usado o Google para evitar a instalação de uma bomba-relógio no governo às vésperas da Rio-2016.

    A Polícia Federal já flagrou Hilton em um aeroporto com 11 caixas de dinheiro vivo, somando R$ 600 mil. O episódio provocou sua expulsão do antigo PFL, que não se notabilizava pelo rigor ético com os filiados.

    Ao transmitir o cargo, o comunista Aldo Rebelo recebeu o pastor com uma citação bíblica. Entre todos os textos sagrados, escolheu uma parábola sobre a multiplicação das moedas. "Creio que Vossa Excelência entregará 10 moedas a partir das 5 que está recebendo", disse. Hilton arqueou as sobrancelhas e sorriu para os aliados na plateia, que retribuíram com uma gargalhada.

    No fim do discurso, o novo ministro jurou não se abater com as críticas. "Pelo contrário, elas me impulsionam cada vez mais a desafiar a mim mesmo e tornar possível realizar proezas", disse. Para quem já conseguiu ser expulso do PFL e vaiado na posse da nova chefe, o céu é o limite.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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