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    Bernardo Mello Franco

    A negação e a gargalhada

    11/03/2015 02h00

    BRASÍLIA - O depoimento de Pedro Barusco à CPI da Petrobras acrescentou mais um círculo ao inferno do PT. O ex-gerente da estatal, que já havia relatado o pagamento de propinas ao partido, disse nesta terça ter repassado US$ 300 mil à campanha de Dilma Rousseff em 2010.

    Segundo o delator, o dinheiro foi pedido pelo tesoureiro João Vaccari e liberado pela empresa holandesa SBM Offshore como propina por um contrato com a petroleira. A declaração agrava a crise em duas frentes: aumenta a pressão sobre a cúpula petista e liga o petrolão à campanha que levou a presidente ao Planalto.

    Barusco também frustrou o PT ao dizer que começou a pedir comissões na década de 1990 "por iniciativa pessoal". De acordo com ele, a corrupção só foi "institucionalizada" a partir de 2003, ano em que o ex-presidente Lula assumiu o governo.

    A versão jogou terra sobre o esforço petista para associar as origens do esquema ao governo FHC. Restou aos deputados do PT atacar o depoente, um réu confesso que delatou cúmplices para escapar da cadeia.

    A direção do partido adotou a mesma linha, em nota que classificou o ex-gerente da Petrobras como um "delator que busca agora o perdão judicial envolvendo outras pessoas em seus malfeitos".

    O texto acrescentou que Vaccari "nunca tratou de finanças ou doações" com Barusco. "O PT só recebe doações dentro dos parâmetros legais, que são declaradas na prestação de contas ao TSE", concluiu.

    Dilma tentou dizer o mesmo em 2010, durante um debate na TV Globo, mas se atrapalhou com as palavras. "Eu gostaria de dizer que nós registramos todas as doações oficiais... as doações que são oficiais à minha campanha, todas elas, no Tribunal Superior Eleitoral", disse.

    O ato falho motivou risadas no estúdio da emissora. Dilma insistiu: "Gostaria de deixar claro que todas as doações são oficiais. Todas". A plateia, em que os petistas eram minoria, caiu na gargalhada.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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