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    Bernardo Mello Franco

    Ponte para o futuro

    02/08/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    GALERIA DA SEMANA - MAIO 4 - BRASILIA, DF, BRASIL, 25-05-2016, 10h00: O presidente interino Michel Temer, ao lado do ministro José Serra (MRE), durante cerimônia de apresentação de cartas credenciais de embaixadores, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente interino, Michel Temer (PMDB)

    BRASÍLIA - O Senado ainda não confirmou o impeachment de Dilma Rousseff, mas Michel Temer já faz planos para se enraizar na cadeira de presidente. É o que se depreende das conversas, mais ou menos públicas, em que aliados do interino dizem que ele deve se candidatar ao Planalto em 2018.

    O projeto foi escancarado pelo novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" no domingo (31). No mesmo dia, a Folha mostrou que ao menos três ministros do novo regime têm falado em lançar o chefe na próxima corrida presidencial.

    A rigor, Temer não disputaria a reeleição. O peemedebista foi eleito vice-presidente duas vezes, em 2010 e 2014, de carona nos votos de Dilma. Mudou de cargo graças ao afastamento da petista, que ele ajudou a articular no Congresso. Uma candidatura em 2018 seria seu primeiro teste como cabeça de chapa numa disputa majoritária, após mais de três décadas na política.

    A hipótese Temer-2018 só se tornará viável se ele conseguir cumprir três tarefas: estabilizar a economia, reverter sua impopularidade e escapar das próximas delações da Lava Jato. Como nada disso será resolvido no curto prazo, o debate sobre a sucessão parece precipitado.

    Mesmo assim, as articulações já começam a causar atrito. A base que sustenta o interino reúne ao menos quatro políticos com aspirações presidenciais: os ministros José Serra (Relações Exteriores) e Henrique Meirelles (Fazenda), o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves.

    Temer sabe que depende da boa vontade deles para se equilibrar no cargo. Por isso se apressou a dizer que não pretende ser candidato em 2018, repetindo o que disse antes do afastamento de Dilma. Os presidenciáveis ouviram a promessa, mas ao menos um deles se mantém desconfiado. Em meados do ano passado, o mesmo Temer dizia que o impeachment era algo "inviável e impensável".

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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