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    Bernardo Mello Franco

    PT e PSDB, lado a lado na Lava Jato

    03/08/2016 02h00

    Newton Menezes/Futura Press/Folhapress
    Policiais chegam à sede da Polícia Federal, em São Paulo (SP), com malotes apreendidos durante a 33ª fase da Operação Lava Jato. Intitulada Resta Um, a operação tem como alvo a Construtora Queiroz Galvão.
    Policiais chegam à PF, em São Paulo, com malotes apreendidos durante a 33ª fase da Lava Jato

    BRASÍLIA - A 33ª fase da Lava Jato levantou novas suspeitas de pagamento de propina a PT e PSDB. Os partidos rivais aparecem lado a lado nos papéis da Operação Resta Um. Ambos são acusados de receber dinheiro sujo da Queiroz Galvão, envolvida no escândalo da Petrobras.

    O procurador Carlos Fernando dos Santos disse que a empreiteira abasteceu ilegalmente a campanha de reeleição do ex-presidente Lula em 2006. Ele citou dois delatores que relataram a entrega de R$ 2,4 milhões em espécie ao comitê petista.

    Mais cauteloso, o juiz Sergio Moro reproduziu os depoimentos, mas anotou que "até o momento" não há provas que confirmem o repasse. O PT sustenta que todas as suas doações foram declaradas à Justiça. A prisão de executivos da construtora poderá ajudar a esclarecer o caso.

    A suspeita sobre o PSDB envolve valores mais altos. O ex-senador Sérgio Guerra, que morreu em 2014, teria cobrado R$ 10 milhões para travar uma CPI sobre a Petrobras. Ele não era um tucano qualquer. Presidiu o partido e coordenou a última campanha de José Serra ao Planalto.

    O PSDB afirma apoiar a Lava Jato e evita discutir o caso concreto, com o argumento de que Guerra não pode mais se defender. É verdade, mas falta esclarecer se a propina ficava com ele ou era distribuída entre outros políticos do partido. As delações de Paulo Roberto Costa e Fernando Baiano apontam para a segunda hipótese. Mais uma vez, Moro diz que ainda não há "prova de fato".

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    Leitores perguntam se Michel Temer pode mesmo disputar a Presidência pelo voto direto em 2018.

    O TRE de São Paulo afirma que ele está no cadastro de políticos inelegíveis desde maio, quando foi condenado em segunda instância por fazer doações acima do limite legal.

    O tribunal informa que a situação será reavaliada se o interino recorrer à Justiça Eleitoral. Hoje, no entanto, ele aparece na lista dos fichas-sujas.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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