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    Bernardo Mello Franco

    Embolada paulistana

    11/09/2016 02h00

    Aloisio Mauricio/Fotoarena/Ag.OGlobo
    Celso Russomanno participa de evento de campanha em São Paulo

    BRASÍLIA - A três semanas das urnas, a disputa pela Prefeitura de São Paulo embolou. A nova pesquisa Datafolha trouxe três novidades: a queda do líder Celso Russomanno (PRB) e as subidas de Marta Suplicy (PMDB) e João Doria (PSDB), que travam duelo pelo segundo lugar.

    O homem do Procon começou a derreter antes do esperado. Em apenas duas semanas, sua vantagem sobre Marta desabou de 15 para 5 pontos. Se a tendência se confirmar, ele honrará a fama de "cavalo paraguaio": larga na frente, mas perde o fôlego antes do fim do páreo.

    O encolhimento de Russomanno deve alterar a estratégia das outras campanhas. Até o início do mês, o deputado era poupado pelos rivais porque ninguém achava possível tirá-lo do segundo turno. Agora que a possibilidade se tornou real, ele tende a entrar na mira dos ataques.

    Marta mostrou força ao ganhar cinco pontos e entrar na briga pela liderança. Com uma propaganda voltada para os mais pobres, ela tem conseguido recuperar o eleitor tradicional do PT, que a levou para o segundo turno em 2000, 2004 e 2008.

    A situação da ex-prefeita só não é melhor porque ela passou a ser ameaçada pelo crescimento de Doria. Com o maior tempo de TV, o empresário tucano escalou 11 pontos e se tornou um candidato competitivo.

    Visto com desconfiança no próprio partido, ele cresceu entre o eleitorado mais rico, que buscava uma opção de perfil conservador sem a imprevisibilidade de Russomanno e o apoio dos bispos da Universal.

    A pior notícia da pesquisa foi para Fernando Haddad (PT), que permaneceu em quarto lugar, com apenas 9% das intenções de voto.

    O resultado deve forçar uma guinada à esquerda na campanha do prefeito. Ele começou escondendo o PT, numa tentativa de reduzir sua rejeição e se viabilizar num segundo turno. Agora terá que nacionalizar o discurso e apelar ao que resta do partido —se quiser manter alguma chance de não morrer no primeiro.

    Datafolha 1º turno

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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