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    Bernardo Mello Franco

    Debate morno favorece Crivella

    09/10/2016 02h00

    Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press/Folhapress
    Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, durante debate do segundo turno realizado pela Tv Bandeirantes
    Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, durante debate da Band

    BRASÍLIA - No primeiro debate entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), na Band, faltou confronto e sobraram gentilezas entre os candidatos. O tom morno favoreceu Crivella, que lidera com folga a disputa pela Prefeitura do Rio.

    O senador começou melhor. Prometeu reduzir as filas nos hospitais, problema que afeta o cidadão comum. Freixo anunciou uma assembleia com servidores da educação, que já são simpáticos a ele.

    O deputado estadual protestou contra o bombardeio virtual à sua candidatura. Crivella se esquivou e disse não ter responsabilidade pela artilharia. Ficou por isso mesmo.

    Atrás nas pesquisas, Freixo perdeu chances de explorar pontos fracos do rival. Quando Crivella citou o vice, não respondeu que ele foi indicado por Anthony Garotinho, um espantalho de eleitores. O site do PRB chegou a tirar uma notícia do ar para tentar esconder o ex-governador.

    Freixo também abriu mão de chamar o adversário de bispo, recurso óbvio para reforçar seu vínculo com a Igreja Universal. Crivella é sobrinho de Edir Macedo, cujo projeto de poder não poderia ser mais claro.

    O debate ameaçou esquentar quando o senador disse que o rival é apoiado por partidos do petrolão. Na réplica, Freixo lembrou que Crivella foi ministro de Dilma Rousseff. A discussão parou por aí.

    Na terceira campanha à prefeitura, o senador surpreendeu com um discurso liberal. Prometeu cortar gastos e combater a "indústria da multa". Foi um aceno à classe média conservadora, que não gosta de nenhum deles, mas tem pesadelos com o esquerdismo do PSOL.

    Pouco combativo, Freixo parecia não ver que o figurino de bom moço veste mal quem está perdendo. Nas considerações finais, um Crivella relaxado citou "a minha igreja" e a TV Record, controlada pelos bispos. Freixo teve um sopro de incisividade e respondeu que "o povo não é rebanho" — mas boa parte da audiência, fiel ou não, já tinha ido dormir.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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