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    Bernardo Mello Franco

    Denúncia para collorir

    23/10/2016 02h00

    Renato Costa/Folhapres
    BRASILIA, DF, BRASIL, 31/08/2016,Senador Fernando Collor durante Sessão final do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado Federal, em Brasília, nesta quarta-feira, 31, conduzido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. (Foto: Renato Costa/Folhapress, PODER)
    O senador Fernando Collor durante sessão final do julgamento do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado (Foto: Renato Costa/Folhapress, PODER)

    No dia seguinte à prisão de Eduardo Cunha, o Supremo Tribunal Federal começou a remover a blindagem que ainda protege seu primeiro chefe na política: o ex-presidente Fernando Collor.

    Depois de um ano e dois meses, o ministro Teori Zavascki permitiu a divulgação da denúncia da Lava Jato contra o senador. O documento estava em sigilo desde agosto de 2015, quando a Procuradoria-Geral da República acusou Collor de embolsar ao menos R$ 29 milhões do petrolão.

    Em 278 páginas, o procurador Rodrigo Janot sustenta, de forma clara e detalhada, que o ex-presidente usou sua influência na BR Distribuidora para receber propina. A história começa em 2010, quando Collor se aproximou do governo Lula e apoiou a eleição de Dilma Rousseff.

    De acordo com Janot, o esquema collorido cobrou pedágio em diversos contratos da subsidiária da Petrobras. Os exemplos vão da troca de bandeira em postos de gasolina à construção de cais flutuantes para abastecer barcos na Amazônia.

    A denúncia afirma que a verba desviada da estatal de combustíveis foi investida na compra de carros de alto consumo. Na frota, destacam-se uma Lamborghini Aventador Roadster de R$ 3,2 milhões e uma Ferrari 458 Italia de R$ 1,45 milhão.

    Segundo a Lava Jato, Collor chegou a usar o caseiro e o funcionário que cuida de seus barcos em Maceió como laranjas para disfarçar a movimentação de dinheiro. Os dois estavam lotados em seu gabinete.

    "O parlamentar exercia posição de comando no grupo criminoso, o qual era integrado por funcionários públicos, tanto do Senado Federal quanto da Polícia Federal", diz Janot. Ele ainda acusa o senador de "impedir e atrapalhar as investigações".

    Nesta sexta (21), a PF mostrou como até a Polícia Legislativa atuou para blindar Collor. Em nota, ele declarou que "não tem conhecimento acerca dos fatos" e que "a verdade vai prevalecer diante da acusação vil". Agora falta a opinião do Supremo.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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