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    Bernardo Mello Franco

    Cabeça a prêmio

    27/10/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 26-08-2016, 09h00: Segundo dia da Sessão para votação do julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, no plenário do senado. O presidente do STF Ministro Ricardo Lewandowski, ao lado do presidente do senado senador Renan Calheiros (PMDB-AL), preside a sessão. A reunião de hoje destina-se a oitiva das testemunhas da defesa. A primeira testemunha é Luiz Gonzaga Belluzo. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente do Senado, Renan Calheiros

    BRASÍLIA - Nas últimas semanas, o presidente do Senado, Renan Calheiros, recebeu duas más notícias do Supremo Tribunal Federal.

    No início do mês, o ministro Edson Fachin liberou para julgamento a denúncia em que ele é acusado de receber dinheiro de uma empreiteira para pagar pensão a uma ex-namorada. O caso se arrasta há nove anos, e o senador pode ser finalmente mandado para o banco dos réus.

    Agora a ministra Cármen Lúcia marcou para o próximo dia 3 o julgamento da ação que remove da linha sucessória da Presidência todo político que responda a processo. Se a tese for aceita, nenhum réu poderá comandar a Câmara ou o Senado.

    Ligando os pontos, fica claro que Renan está com a cabeça a prêmio e pode ser afastado do cargo a partir da semana que vem. Isso explica a fúria e o destempero com que o peemedebista reagiu à Operação Métis, que prendeu policiais legislativos sob suspeita de sabotar a Lava Jato.

    Sentindo-se ameaçado, o senador foi ao ataque. Acusou a PF de usar "métodos fascistas", chamou um juiz federal de "juizeco de primeira instância" e se referiu ao ministro da Justiça como "chefete de polícia".

    Nesta quarta (26), ele saiu em defesa de uma proposta que acaba com a "aposentadoria como prêmio" para juízes condenados por improbidade. A ideia seria bem-vinda, se não estivesse sendo reduzida a um mero instrumento de retaliação política.

    Por enquanto, o esperneio de Renan deu em nada. Em vez de se intimidar, Cármen Lúcia agiu como se espera de uma presidente do Supremo: cobrou respeito à Justiça e se solidarizou com o magistrado que foi ofendido pelo peemedebista.

    Em seguida, ela recusou convite para um encontro que reuniria os chefes dos Três Poderes. Alegou estar com a agenda cheia, num claro recado de que não está interessada em ouvir as queixas do senador.

    Apesar das mordomias do cargo, a vida de Renan parece não estar fácil. Em novembro, deve piorar.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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