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    Bernardo Mello Franco

    Instituições funcionando

    09/12/2016 02h00

    Ricardo Botelho/Brazil Photo Press/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, durante Sessão no Senado, na manhã desta quarta-feira, 08.
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, durante Sessão no Senado na manhã desta quinta (8).

    BRASÍLIA - Os roteiristas de ficção têm muito a aprender com o Congresso brasileiro. Depois de protagonizar uma grave crise institucional e afrontar decisão do Supremo, o Senado amanheceu nesta quinta (8) como se nada tivesse acontecido.

    A cadeira de presidente voltava a ser ocupada por Renan Calheiros, réu por peculato e multi-investigado na Operação Lava Jato. À vontade na poltrona de couro azul, ele distribuía ordens, organizava a lista de oradores e fazia piadas ao microfone.

    "A oposição não costuma cansar nunca!", disse a Magno Malta, dublê de senador e cantor evangélico, recusando uma sugestão para que deixasse a minoria falar "até cansar".

    Pouco depois, Renan passou a anunciar a criação de um novo órgão: a Comissão Permanente Senado do Futuro. Lendo uma folha de papel pousada sobre a mesa, ele enumerou as questões a serem debatidas.

    "A saúde dos oceanos e dos rios; o mundo pós-energia fóssil; as novas fronteiras da vida, inclusive com a inteligência artificial e o potencial das células-tronco; as novas fronteiras do universo, inclusive o potencial de viagens espaciais", recitou.

    Para completar o surrealismo da cena, o senador-réu leu o último item da lista: "a evolução da moral e da conduta humana". Em seguida, passou a palavra a Romero Jucá, também investigado na Lava Jato e primeiro dos seis ministros a cair em seis meses de governo Temer.

    Na Câmara, não houve votações relevantes. Oposicionistas apresentaram outro pedido de impeachment, mas o presidente Rodrigo Maia nem apareceu para recebê-los. O documento foi lido diante de uma poltrona vazia. No plenário, deputados-pastores promoviam uma sessão solene. Homenagem ao Dia da Bíblia.

    *

    O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella, diz ter batido o martelo. Reduzirá o número de secretarias do município para 12. É a metade da estrutura chefiada por Eduardo Paes.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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