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    Bernardo Mello Franco

    Lista da salvação

    16/03/2017 02h00

    Igor Estrela/PMDB/Divulgação - Gilmar Felix/Camara dos Deputados
    Brasilia,DF,Brasil 09.03.2016 Eunicio de Oliveira Foto: Igo Estrela /Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***BRASILIA, DF, 20-12-2016 - Mais informações Sessão extraordinária da Câmara dos Deputados para discussão e votação de diversos projetos. Presidente da Câmara, dep. Rodrigo Maia (DEM-RJ) ( Credito:Gilmar Felix/Câmara dos Deputados ) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM
    O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

    BRASÍLIA - O clube dos delatados teve uma ideia para tentar sobreviver às urnas em 2018. A proposta é adotar o modelo de lista fechada a partir das próximas eleições.

    A estratégia foi abraçada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Os dois foram acusados por executivos da Odebrecht e deverão responder a inquéritos no Supremo.

    No sistema de lista, o eleitor deixa de ter direito a escolher seu deputado ou vereador. Ele passa a votar apenas no partido, e não no candidato. Cabe à direção de cada sigla indicar quem assumirá as cadeiras.

    O modelo foi rechaçado em maio de 2015, quando a Câmara discutiu um arremedo de reforma política. Foi um massacre: 402 votos contrários e 21 a favor. Entre os grandes partidos, apenas o PT defendeu a lista, sem muito entusiasmo.

    Menos de dois anos depois, a ideia ressurge das cinzas com amplo apoio no Congresso. A explicação é simples: os políticos passaram a ver nela uma boia de salvação contra o naufrágio anunciado pela Lava Jato.

    A tese começou a ser discutida no último domingo, em almoço na residência oficial do presidente da Câmara. Voltou à mesa nesta quarta (15), quando o presidente Michel Temer recebeu os delatados Maia e Eunício no Palácio do Planalto.

    A elite política quer mudar o modelo eleitoral com um objetivo claro: aumentar as chances de reeleição dos atuais parlamentares. Pelo modelo em discussão, eles ocupariam os primeiros lugares nas listas de cada partido em 2018.

    Se a proposta for aprovada, o eleitor será praticamente impedido de demitir os políticos enrolados no petrolão. Assim, eles garantiriam um seguro para renovar os mandatos e manter o foro privilegiado até 2022.

    A lista fechada faz algum sentido em países com partidos sólidos e tradição parlamentarista. Não é o caso do Brasil, onde há 35 siglas registradas e quase ninguém sabe a diferença entre PR, PRB, PRP e PRTB.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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