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    Bernardo Mello Franco

    União contra a delação

    22/06/2017 02h00

    Alan Marques - 12.jul.2011/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 12-07-2011, 17h30: Líderes do PMDB e do PT na Câmara dos Deputados com bolo de 'casamento' entre as duas siglas decorado com bonecos da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, em Brasília (DF). (Foto: Alan Marques/Folhapress, 0619, PODER)
    Em 2011, líderes do PMDB e do PT na Câmara comemoravam 'casamento' entre as siglas

    BRASÍLIA - O que o impeachment separou só a Lava Jato é capaz de unir. Depois de um divórcio litigioso, PMDB e PT voltaram a se entender em ao menos uma coisa. Os dois partidos querem impor um freio às delações premiadas.

    O alvo da vez é o acordo de Joesley Batista, o empresário que entregou Michel Temer em troca de perdão judicial. Desde que foi gravado nos porões do Jaburu, o presidente faz de tudo para desqualificar o acusador.

    Antes da indiscrição, o dono da JBS era um amigo generoso, que financiava campanhas e emprestava o jatinho para viagens particulares. Agora foi reduzido a um "bandido notório", cuja palavra não merece crédito. Parece ingratidão, mas é só desespero para salvar o mandato.

    Nesta quarta, Temer ganhou um apoio inesperado. O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, engrossou o coro contra o acordo da Procuradoria com Joesley. O deputado afirmou que as delações da JBS "devem ser revistas". Ele alegou que o empresário precisa sofrer uma "penalização" pelos "prejuízos causados ao país".

    O petista defendeu uma tese simpática: Joesley cometeu tantos crimes que merecia pegar ao menos uma prisão domiciliar. O problema é que os políticos não se movem pelo senso de justiça do cidadão comum. Eles criticam as delações porque querem se livrar de seus efeitos.

    O líder do PT defendeu a "revisão" dos acordos no mesmo dia em que o Supremo começou a julgar o tema. O debate é vital para o futuro da Lava Jato. Se a corte melar o trato da JBS, abrirá uma brecha à anulação de dezenas de outros depoimentos.

    O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, fez ataques à investigação. Ele acusou a Procuradoria de tentar "reescrever a lei" para facilitar punições. Coube ao decano Celso de Mello lembrar que as delações têm sido "excepcionalmente eficazes" no combate a crimes de corrupção.

    Quando a sessão foi interrompida, o placar era favorável à manutenção dos acordos: 2 a 0.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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