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    Bernardo Mello Franco

    O retorno de Aécio

    05/07/2017 02h00

    Renato Costa/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 04/07/2017, O senador Aécio Neves (PSDB-MG) no plenário de Senado Federal, em Brasília (SP). Depois de 48 dias longe do Congresso, o senador Aécio Neves reassumiu nesta terça-feira (4) a atividade parlamentar após decisão do ministro do STF, Marco Aurélio Mello.. (Foto: Renato Costa/Folhapress, PODER)
    O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fala no plenário de Senado depois de 48 dias longe do Congresso

    BRASÍLIA - Um clima de constrangimento marcou o retorno de Aécio Neves ao Senado. Depois de 46 dias afastado, o tucano voltou à tribuna para se defender. O discurso atraiu muitos jornalistas, mas não despertou o mesmo interesse nos senadores. Quando ele começou a falar, apenas dez colegas estavam no plenário.

    Um imprevisto agravou o mal-estar inicial. Assim que Aécio ajeitou o microfone, a campainha do Senado disparou. O tucano riu amarelo, cruzou os braços e olhou para a Mesa Diretora sem saber o que fazer. O sinal soou por longos três minutos até que alguém conseguisse desativá-lo.

    O discurso seguiu o mesmo tom monocórdio da campainha. O senador adotou o roteiro de todos os políticos sob suspeita de corrupção. Exaltou a própria trajetória, citou a família, manifestou "indignação contra a injustiça" e disse que não perdeu "a serenidade e o equilíbrio".

    "Não cometi crime algum. Não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagens indevidas", afirmou. Ele se disse "vítima de uma armadilha engendrada e executada por um criminoso confesso", referindo-se ao empresário Joesley Batista. Quem ouviu as gravações das conversas dos dois deve ter se sensibilizado com o fim da amizade.

    Depois de atacar o delator, Aécio fez um anúncio: "Quero dizer que errei, e assumo aqui esse erro". Parecia a deixa para algo importante, mas ele não demorou a desfazer a impressão. Na versão do tucano, seus erros foram cair numa "trama ardilosa" e dizer palavrões ao telefone.

    O eleitor que esperava uma autocrítica terá que continuar esperando. Ao descer da tribuna, Aécio ouviu aplausos tímidos e passou a ser evitado pelos aliados. Seu nome só voltaria a ser citado depois de três horas e meia, quando uma senadora do PT se lembrou de criticá-lo.

    Como nem tudo são espinhos, o tucano terminou o dia com um prêmio de consolação. O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, assumiu mais um de seus inquéritos no Supremo.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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