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    Bernardo Mello Franco

    Para inglês ver

    04/08/2017 02h00

    Reprodução / Facebook @deputadofederalwlad
    O presidente Michel Temer recebe o deputado Wladimir Costa nesta quinta (3), no Planalto
    O presidente Michel Temer recebe o deputado Wladimir Costa nesta quinta (3), no Planalto

    BRASÍLIA - O arquivamento da primeira denúncia contra Michel Temer não fechou o balcão de negócios do Planalto. No dia seguinte à votação, o presidente continuou dedicado à política miúda. Ele passou o dia fechado em seu gabinete, onde tratou dos interesses de 15 parlamentares.

    O primeiro da fila foi Wladimir Costa, o deputado que tatuou na pele o nome do presidente. Em sinal de gratidão, Temer gravou um vídeo com o sabujo, a quem chamou carinhosamente de Wlad.

    Para consumo externo, o discurso é o de que o governo se fortaleceu. O ministro Henrique Meirelles disse que a reforma da Previdência deve ser aprovada até outubro. A previsão ignora que já estamos em agosto e a Câmara ainda terá que examinar ao menos mais uma denúncia contra o presidente.

    Se era para inglês ver, funcionou. O "Financial Times" comprou a versão de que Temer obteve uma "vitória histórica" e acrescentou que isso "reanimará as esperanças dos investidores". Faltou explicar que o placar foi garantido por uma generosa distribuição de verbas públicas, na contramão do discurso de ajuste fiscal.

    No mundo real, as coisas tendem a ser mais complicadas. Poucos aliados apostam na aprovação da reforma da Previdência prometida ao mercado. A avaliação corrente é que o Planalto só teria força para emplacar a regra da idade mínima, se tanto.

    Temer venceu a primeira batalha contra a Lava Jato, mas sua base encolheu. O presidente foi salvo por 263 deputados, bem menos que os 308 necessários para mudar a Constituição. E nem todos os que ajudaram a enterrar a denúncia estão dispostos a enfrentar mais desgaste para mexer na aposentadoria dos eleitores.

    *

    Em entrevista à BandNews FM, Temer defendeu a adoção do parlamentarismo "para 2018". "Acho que não seria despropositado", declarou. Para quem tem 5% de aprovação e acha normal mudar as regras de um jogo em andamento, não seria mesmo.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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