• Colunistas

    Wednesday, 15-May-2024 08:57:48 -03
    Bernardo Mello Franco

    Janot 9 x 0 Temer

    14/09/2017 02h00

    Eraldo Peres/Associated Press
    BRASILIA, DF, BRASIL, 13-09-2017, 14h00: Sessão Plenária do STF, sob a presidência da ministra Carmen Lucia. O STF julga hoje pedido de suspeição contra o PGR Rodrigo Janot em relação às denúncias envolvendo o presidente Michel Temer. O advogado de Temer, Cláudio Antônio Mariz, fala durante julgamento. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O advogado de Temer, Antônio Cláudio Mariz, fala durante o julgamento

    BRASÍLIA - Às vésperas de virar alvo da segunda denúncia, Michel Temer sofreu uma dura derrota no Supremo. Por unanimidade, a corte negou o pedido para afastar Rodrigo Janot das investigações que o envolvem. O procurador venceu o presidente de goleada: 9 a 0.

    A defesa queria que Janot fosse declarado suspeito por "ausência de imparcialidade". Se o tribunal aceitasse a tese, os dois inquéritos contra Temer iriam para as calendas. Assim, ele não teria mais motivos para se preocupar com a Lava Jato.

    O advogado Antônio Cláudio Mariz disse que seu cliente "quer trabalhar, mas não consegue", porque "a cada momento uma nova denúncia aparece". Ele ainda acusou a imprensa, a culpada de sempre, de "dar eco para propagar o mal" contra Temer.

    "Deixem-no em paz!", suplicou o causídico, antes de dizer que as acusações de corrupção têm causado grande "sofrimento" ao presidente, à mulher e a um "irmão doente".

    Se a ideia era arrancar lágrimas, não funcionou. Os nove juízes presentes ouviram o discurso sem demonstrar qualquer emoção. O ministro Gilmar Mendes, que costuma se sensibilizar com os dramas de Temer, preferiu não aparecer para votar.

    "Os fatos descritos não configuram causa de suspeição", resumiu a ministra Rosa Weber. "O presidente não foi o alvo exclusivo do procurador. Outros partidos e outros políticos foram igualmente atingidos", endossou Ricardo Lewandowski.

    A sessão ganhou tom de desagravo ao procurador. "Não posso deixar de reconhecer a atuação responsável, legítima e independente de Janot, que tem exercido a chefia do Ministério Público com grande seriedade", disse o decano Celso de Mello.

    Os elogios não livram Janot de explicar melhor as relações suspeitíssimas entre seu ex-auxiliar Marcello Miller e a JBS. Mesmo assim, o procurador venceu de lavada. Para Temer, fica um lembrete: a vida pode ser mais difícil quando os julgadores não trocam votos por cargos e emendas.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024