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    Bernardo Mello Franco

    Jogando pelo empate

    25/10/2017 02h00

    BRASÍLIA - A oposição reconhece que não chegará nem perto dos 342 votos necessários para afastar Michel Temer. Se a vitória é impossível, a saída será jogar pelo empate. Por isso, a minoria tentará adiar o sepultamento da segunda denúncia contra o presidente.

    A sessão está marcada para as 9h desta quarta-feira. No entanto, a votação só será iniciada se 342 deputados marcarem presença. Se este quorum não for alcançado, a decisão ficará para a próxima semana. A oposição aposta nisso para prolongar o desgaste do governo.

    "Nossa única chance de manter o Temer nessa hemorragia é não dar presença. Ele pode vender até o Palácio do Planalto, mas não vai conseguir enterrar a denúncia", diz o deputado Sílvio Costa, do Avante.

    Para sair do papel, o boicote precisa da adesão de pelo menos 171 deputados (um terço do total). O problema é que a oposição formal, liderada pelo PT, não passa dos 120. Isso significa que o plano depende da participação de mais de 50 dissidentes da base governista.

    O líder do PT, Carlos Zarattini, batizou a operação de "mobilização ao contrário". Em vez de arregimentar os insatisfeitos para a guerra, ele terá que convencê-los a cruzar os braços. É uma missão difícil, porque os deputados terão que resistir à tentação de aproveitar os holofotes.

    Para conter os mais ansiosos, a oposição promete organizar uma "sessão paralela" no salão verde da Câmara. A ideia é garantir alguma visibilidade a quem ficar de fora do plenário. Os discursos devem atrair alguma atenção da imprensa e serão transmitidos nas redes sociais.

    Se der certo, o boicote deve enfraquecer ainda mais o presidente, que paralisou o governo para negociar votos no varejo. No entanto, a tática terá o efeito colateral de manter aberto o balcão de negócios. Por este ponto de vista, seria melhor liquidar a votação logo. As barganhas de Temer para permanecer no cargo já custaram muito caro ao país.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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