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    Bernardo Mello Franco

    O PSDB rumo ao precipício

    10/11/2017 02h00

    Mateus Bonomi-24.out.2017/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 24-10-2017, 17h: Aécio Neves (PSDB-MG) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) durente sessão no plenário do Senado nesta terça-feira. (Foto: Mateus Bonomi/Folhapress, PODER)
    Os senadores Tasso Jereissati (frente) e Aécio Neves, no plenário do Senado

    BRASÍLIA - O PSDB deu mais um passo na direção do precipício. O dedaço de Aécio Neves radicalizou o processo de autofagia do partido. Agora os tucanos correm o risco de enfrentar um cisma a menos de um ano das eleições presidenciais.

    Com o filme queimado pela Lava Jato, o senador mineiro foi para o tudo ou nada ao destituir Tasso Jereissati do comando provisório da sigla. A intervenção implodiu as pontes que restavam entre a ala governista e o grupo que defende o rompimento com o Planalto.

    Há poucos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avisou que o PSDB precisava se decidir: ou deixava o governo ou assumia de vez o papel de coadjuvante em 2018. Os aecistas parecem ter escolhido a segunda opção. Preferiram continuar agarrados a seus quatro ministérios.

    O clima agora é de guerra fratricida. Os aliados de Tasso definem sua degola como um "golpe" articulado com Michel Temer. "Foi um ato covarde, violento e indigno. Aécio mostrou que não tem limites para alcançar seus objetivos espúrios", ataca o senador Ricardo Ferraço. "Já estávamos passando por um desgaste brutal. Agora estamos vendo o PSDB cometer um harakiri", acrescenta.

    O senador Cássio Cunha Lima, que também defendia a permanência de Tasso, reforça a metáfora do suicídio partidário. "Se deixarmos que o governo interfira na nossa eleição interna, será o fim do PSDB", afirma.

    Depois de perder quatro eleições presidenciais, os tucanos pareciam ter caminho aberto para voltar ao poder em 2018. Em vez de aproveitar o vento a favor, o partido se enroscou na impopularidade de Temer e nos rolos de Aécio com a polícia. Perdeu espaço para Jair Bolsonaro e outros aspirantes ao papel de Anti-Lula.

    Hoje os dois presidenciáveis do PSDB não conseguem ultrapassar os 8% das intenções de voto. O encontro com as urnas pode ficar ainda mais ingrato. Basta que a convenção da sigla, no mês que vem, termine com a debandada dos derrotados.

    bernardo mello franco

    Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.

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