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    Carlos Heitor Cony

    A fábula e a lei

    01/09/2013 03h00

    RIO DE JANEIRO - Nem tudo está perdido, até agora, sexta-feira, quando escrevo esta crônica que deverá ser publicada no domingo. O mundo não deverá acabar neste intervalo. No Reino Unido, o Parlamento rejeitou a intervenção militar na Síria, negando o apoio que os Estados Unidos esperavam para criar uma nova guerra.

    Não foram necessárias muitas explicações por parte dos ingleses. Os parlamentares exibiram o vídeo em que George W. Bush e Tony Blair, não faz muito tempo, confessaram que invadiram o Iraque porque estavam mal informados sobre a existência de armas terríveis no arsenal de Saddam Hussein.

    Até hoje, tem gente morrendo por causa de uma invasão "humanitária" que poderia incendiar o mundo. A mesma situação agora se repete, com o mesmo grupo humanitário querendo invadir um país árabe por conta do uso de armas apocalípticas que Bashar al-Assad estaria usando contra os rebeldes (idosos, mulheres e crianças) que desejam se livrar de uma ditadura.

    Técnicos da ONU estariam verificando se houve o uso de tais armas, mas a situação é complicada. Confirmado ou não o massacre, prevalecerá o argumento do lobo, a invasão será por isto ou aquilo, o cordeiro não sujou a água do rio que o lobo bebia, mas, no passado, o pai do cordeiro sujou a água que o pai do lobo bebia --conforme a fábula de Esopo. O complexo político-militar continua mantendo os países mais fortes do Ocidente.

    Deixando de lado a Síria, temos, no Brasil, o exemplo da transparência que todos exigimos. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal gastou, ao todo, mais de hora e meia para decidir se determinados réus do mensalão mereciam ou não o acréscimo de um sexto, um terço ou um quinto das penas impostas. Tudo dentro da lei. No final, humanitariamente, todos serão absolvidos.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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