RIO DE JANEIRO - "Deus, in quo vívimus movémur et sumus, plúviam nobis tribue congruéntem; ut praeséntibus subsídiis sufficiénter adjúti, sempiterna fiduciálius appetámus."
Dona Dilma e o pessoal da base aliada não devem estranhar o latim desta oração canônica para implorar ao Todo-Poderoso que mande uma boa quantidade de chuva que abasteça nossos reservatórios, enchendo rios, lagos e lagoas para acabar com a crise da falta de água. A oração vai em latim mesmo, que deve ser a língua oficial do céu.
Deus adquiriu notável "know how" em matéria de chuva. Vendo que os homens e mulheres estavam fornicando demais, mandou um dilúvio que durou 40 dias e 40 noites, poupando Noé e alguns animais, dois de cada espécie, o que explica a sobrevivência de tantos burros.
Tampouco valerá adquirir uma frota de arcas para salvar os poucos Noés que escaparão das cataratas do céu que se abrirão sobre o Cantareira. Serão necessários editais e licitações tão suspeitas que nem os Tribunais de Contas, as Promotorias, a Polícia Federal, a Ordem Nacional dos Advogados e a Miriam Leitão poderão explicar.
Digamos que o Todo-Poderoso, apesar do latim castiço de dona Dilma, precise de um atestado de mãos limpas. Poderá apelar, em vernáculo mesmo, para a delação premiada.
Um jornalista estava em Jerusalém quando Jânio Quadros renunciou à Presidência. Sabendo que havia um brasileiro hospedado no King David, Ben-Gurion mandou chamá-lo e quis saber por que houvera a renúncia de um presidente moço, com apenas sete meses no poder. O jornalista disse que Jânio estava com problemas e, como era um homem imprevisível, decidira deixar o governo.
Ben-Gurion espantou-se: "Mas como tinha problemas? O Brasil tem tanta água!".
É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.