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    Carlos Heitor Cony

    Evolucionismo cristão

    07/07/2015 02h00

    RIO DE JANEIRO - Os principais mestres do pensamento na década de 60 do século passado recusaram a doutrina de Teilhard de Chardin. Os conservadores a detestam quase histericamente, tachando Chardin de charlatão e, até mesmo, de analfabeto. Os progressistas o consideram ambíguo e limitam-se a aceitar algumas de suas ideias e descobertas para uma cartada decisiva no caso de uma reviravolta da cultura ocidental.

    Quanto aos comunistas, em uma revista editada oficialmente pela antiga União Soviética, afirmou-se que "o sistema natural-filosófico de Teilhard de Chardin, como qualquer outra tentativa de síntese universal, coloca-se fora dos quadros de uma severa ciência lógico-experimental".

    Essa suspensão de juízo por parte de adversários antagônicos significa que a última palavra ainda não foi dada. Se houver necessidade de uma ponte filosófica e científica entre marxistas e cristãos, a obra de Teilhard de Chardin ficará a meio-termo. Isso talvez reduza a teoria teilhardiana a uma meia verdade que nada mais seria do que um erro grosseiro. Mas já houve filosofias piores que marcaram a história do pensamento e da própria humanidade.

    Afinal, ele foi o cientista ligado historicamente à descoberta, em suas pesquisas na China, do "Pithecanthropus Pekinensis", que seria, provavelmente, o elo mais próximo da evolução do darwinismo.

    Foi Teilhard de Chardin, falecido em Nova York (10 de abril de 1955), um inspirador indireto das iniciativas ditas progressistas do 2º Concílio do Vaticano. O próprio ecumenismo, hoje adotado por várias religiões, é a convergência teilhardiana que busca a conciliação universal e cuja raiz está situada no axioma expresso em "O fenômeno humano", sua obra principal: ser mais é unir-se cada vez mais.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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