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    Carlos Heitor Cony

    Caetano e Gil

    28/07/2015 02h00

    RIO DE JANEIRO - Estão fazendo uma onda contra dois dos maiores artistas brasileiros: Caetano e Gil, ídolos incontestáveis da música popular brasileira. Motivo mais que injusto: os dois fazem nesta terça (28) apresentação em Israel, o que foi tomado como uma adesão ao Estado judeu contra a causa palestina.

    Lembramos que até há pouco tempo, Wagner também foi proibido de ser executado na Terra Santa, até que o maestro Zubin Mehta quebrou o injusto boicote ao autor de "Os Mestres Cantores de Nuremberg" por se tratar de um notório antissemita.

    A razão das críticas a Caetano e Gil foi a apresentação que os dois fazem hoje, considerada a favor de Israel contra a causa palestina, no confronto do Oriente Médio em que ambos os lados têm suas razões, não fosse o absurdo terrorismo também de ambas as partes.

    Lembramos que os papas Paulo 6º e João Paulo 2º visitaram Israel. E receberam oficialmente no Vaticano diversos líderes de Israel e da Palestina.

    Na guerra entre os dois Estados, a opinião pública mundial está dividida entre os que consideram justo o conflito que separa judeus e palestinos e os que o consideram injusto. Na realidade, ambos os lados tem suas razões, que devem e podem ser respeitadas.

    A apresentação de Caetano e Gil não transcende do já longo prestígio dos dois cantores e compositores. Na mesma forma em que acredito que eles fariam shows em Gaza e em qualquer outro país independentemente de causas políticas.

    Se os dois artistas brasileiros fizessem shows na Palestina, os judeus condenariam o show, que foi inteiramente artístico. Admirador de Israel, casado com uma judia, considero extremamente injusto considerar Caetano e Gil, dois artistas que já se exibiram em vários países, independentemente de suas causas políticas, como adeptos da causa de Israel e contrários à causa palestina.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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