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    Carlos Heitor Cony

    O golpe: onde está o golpe?

    03/04/2016 02h00

    RIO DE JANEIRO - Dilma e a confusa base que a apoia custaram a encontrar um mantra que pudesse salvar o governo que enfrenta a pior crise política e administrativa dos últimos tempos.

    Aproveitando oportunisticamente os descalabros do regime militar de 1964, que foi realmente um golpe sórdido nas instituições, na vida nacional e na própria vida pessoal da maioria dos brasileiros, tanto Lula como a própria Dilma garantem que o impeachment em andamento é um golpe de seus adversários.

    No entanto, até agora, não houve e parece que não haverá uma ruptura da legalidade democrática. A Constituição em vigor, os prazos e todas as regras que compõem o regime legal e constitucional estão sendo respeitados pela oposição e pelo aparelho judicial. Não houve, repito, até agora, nenhuma medida de força para derrubar o regime e mudar a estrutura de uma liberdade duramente conquistada pelo povo brasileiro.

    Dilma e Lula pretendem vender o combate à corrupção, instalada e promovida pelo próprio governo, como um movimento golpista. Ela ainda não desconfiou que não está agradando. Os índices de sua popularidade estão como a lama de Mariana: descendo cada vez mais.

    Lula está batendo na mesma tecla. Ele, que já sofreu alguns golpes, devia estar careca de saber que o problema agora é a corrupção, na qual o seu partido e ele próprio estão afundados. Para escamotear a incompetência e a imoralidade do governo, Dilma e Lula se vangloriam das manifestações favoráveis ao governo atual. As passeatas contrárias foram maiores e espontâneas.

    Já as manifestações a favor da corrupção e da incompetência são organizadas e financiadas pelos mesmos grupos, cujos chefes já estão na cadeia. O PT se orgulha de sua militância, uma palavra perigosa que lembra nefastamente o regime militar que tanto nos desgraçou.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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