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    Carlos Heitor Cony

    Terror contra o terror pode ser inútil

    24/07/2016 02h00

    Ricardo Moraes/Reuters
    Brazilian Army soldiers patrol outside Maracana Stadium during a rehearsal of the 2016 Rio Olympics opening ceremony in Rio de Janeiro, Brazil, July 17, 2016. REUTERS/Ricardo Moraes ORG XMIT: RJO07
    Soldados patrulham a região do Maracanã, no Rio

    RIO DE JANEIRO - Antes isso que nada. Acompanho patrioticamente as medidas que garantirão a segurança da Olimpíada. Não sou perito no assunto, mas tenho algumas dúvidas. Milhões de homens e de armas nem sempre impedem o terror. O furo foi sempre mais em cima ou mais em baixo.

    Erostrato botou fogo no templo de Artemis e agiu sozinho porque queria o nome na história. Em Sarajevo, em 28 de junho de 1914, o estudante Gavrilo Princip, nascido na Bósnia, durante um desfile militar, matou com um único tiro o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando. Um atentado local, por motivos locais, deu início à Primeira Guerra Mundial, até então a mais terrível e sangrenta da história.

    Caso mais recente e que continua pouco explicado foi o assassinato de John F. Kennedy. Oficialmente, foi um único atirador (Lee Oswald) que estraçalhou, a distância, a cabeça do presidente dos Estados Unidos. Muitas teses e hipóteses continuam sendo feitas para explicar como um único homem poderia cometer um atentado que abalou o mundo. Falaram na máfia, em Cuba, no comunismo internacional e até mesmo num caso de amor com Marilyn Monroe. Mas a versão de um único assassino até hoje prevalece.

    Poderia citar muitos outros casos em que o indivíduo, isoladamente, por motivos os mais variados (religiosos, ideológicos ou pessoais), pratica o terror de forma radical, apesar dos esquemas preparados tecnicamente para impedi-lo.

    Com isso, não estou insinuando que um país ou um regime desprezem as regras, sofisticadas ou não, que podem e devem ser cada vez mais eficientes. E sempre há um erro grosseiro para neutralizar qualquer ato contra o terror. No caso do World Trade Center, os próprios órgãos de segurança (CIA e FBI) foram avisados da iminência do maior ato terrorista da história.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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