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    Carlos Heitor Cony

    O desenvolvimento é mais necessário

    11/12/2016 02h00

    Arquivo pessoal/Folhapress
    Bandeira cubana em casarão em Cienfuegos, Cuba
    Bandeira cubana em casarão em Cienfuegos, Cuba

    RIO DE JANEIRO - A oposição e a situação, apesar das muitas divergências entre si, são entusiastas da solução "educação e saúde", a besta negra que apontam como a necessidade maior do país. Por mais que pareça incrível, foi essa a meta principal (educação e saúde) durante o longo regime comunista instaurado e mantido por Fidel Castro e seus companheiros de revolução.

    Na verdade, o avanço de Cuba tanto na educação como na saúde é louvado por todos. Milionários procuram o sistema de saúde imposto pelo regime cubano. O professor Sabin, anticomunista ferrenho, foi agradecer pessoalmente o regime cubano por ter sido o primeiro a adotar oficialmente a sua vacina contra a poliomielite. Na saúde, Cuba é considerada uma referência esquecida na maioria dos países.

    Em compensação, Cuba permanece como uma das nações mais miseráveis, independentemente do bloqueio cruel patrocinado pelos Estados Unidos. O regime de Castro não deu nenhuma bola para o desenvolvimento, colocando seu país entre os mais atrasados e pobres do universo.

    Evidentemente que a dobradinha (saúde e educação) também oferece uma solução prioritária para qualquer país, mas não à custa do desprezo pelo desenvolvimento geral de uma nação. Nos primeiros dias de uma longa temporada que passei na ilha cubana, fiquei admirado de ver ascensoristas trabalhando e lendo ao mesmo tempo um romance de Arguedas, "Los Rios Profundos". A camareira que me atendia no hotel estava lendo Guimarães Rosa. Um taxista tinha, no assento ao lado, um exemplar de "Quarup", de Antonio Callado. Tanto o ascensorista como o taxista faziam apenas uma refeição por dia, e só podiam comprar uma camisa nos dias marcados pelo governo.

    A educação e a saúde são indispensáveis ao desenvolvimento que é esquecido no Brasil.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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