• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 13:20:18 -03
    Carlos Heitor Cony

    Hoje Brasil é o país da corrupção e da violência urbana

    01/01/2017 02h00

    RIO DE JANEIRO - Em crônica da semana retrasada, lembrei que o ex-presidente Jânio Quadros chamou de "poltrão" o ano que então se acabava. Ele próprio não sabia que era também um poltrão, daí que renunciou sete meses depois de ter tomado posse na Presidência da República, dando o pontapé inicial à ditadura militar.

    Para ser sincero, eu desconfiava que "poltrão" era alguma coisa pejorativa, mas não sabia bem o seu significado. Fui depois ao mestre Aurélio e verifiquei que a palavra significava covarde e medroso. Certamente, ela pode ter significados piores. Mesmo assim se deve classificar como poltrão o ano que passou.

    Um ano que foi medroso e covarde. Não teve medo de rebaixar o Brasil à condição de país quase falido e certamente de país onde a corrupção se instalou oficiosamente. No passado, o Brasil era considerado o país do café, de Pelé e de Carmen Miranda. Hoje é o país da corrupção e da violência urbana.

    Para ter direito a ser considerado "poltrão" no sentido que lhe deu o mestre Aurélio, o ano também foi covarde, não tomando as medidas que foram prometidas na campanha de dona Dilma e Temer. Dou um exemplo: quando nomeou Lula para a Casa Civil, para livrá-lo da Lava Jato, ela voltou atrás sem coragem de enfrentar a oposição generalizada que provocou.

    Parente próximo da covardia, 2016 marcou o país que deixou de ser do futuro para se tornar o país de um presente escandaloso e com perspectivas sombrias. Sendo uma República Federativa, tem agora grandes Estados (Rio, Minas, Rio Grande do Sul etc.) em petição de miséria, sem pagar seus funcionários e fornecedores.

    Jânio Quadros renunciou porque tentou proibir as brigas de galo e os biquínis das mulheres. Junto com os votos de próspero Ano-Novo, espero que o governo atual não repita a "poltronice" do ex-presidente.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024