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    Carlos Heitor Cony

    O papel da imprensa nunca foi tão eficaz

    05/02/2017 02h00

    Ricardo Borges/Folhapress
    O empresário Eike Batista, preso na Operação Lava jato, chega à sede da Policia Federal no Rio

    RIO DE JANEIRO - Em 1808, quando Hipólito da Costa criou em Londres o "Correio Brasiliense", o Brasil ganhou seu primeiro jornal. Aos poucos, e nem sempre de forma ascendente, os jornais foram um dos elementos que colocavam a sociedade brasileira mais informada sobre o que acontecia aqui e no mundo.

    Não sou entendido na matéria, mas lembro-me de alguns pontos altos que marcaram a nossa história, incluindo a Abolição, o fim do Estado Novo e outros. No entanto acredito que nunca antes na história houve um caso que recebeu cobertura unânime e influenciará o nosso futuro político, econômico e social.

    Os escândalos antigos eram praticamente mesquinhos, e a maioria deles nunca foi punida. Somente agora, com a Operação Lava Jato, lavamos a égua no que diz respeito à moralidade pública.

    Evidente que a Justiça e a Polícia Federal fizeram o que delas se esperava. Casos escabrosos (nem adianta citá-los) passaram impunes e corromperam a classe política de alto a baixo. E a imprensa está fazendo brilhantemente o seu papel.

    Ficando só no setor dos jornais e revistas, descontando poucas exceções, a sociedade está sendo informada e exigindo não só a punição dos culpados, mas também revelando como as coisas se passam na vida pública.

    Já foi o tempo em que os vilões eram os bicheiros, os punguistas e os desordeiros em geral. Todos eles foram superados por criminosos que faziam de boba a sociedade brasileira. Os vilões de agora não são Lampião, Febrônio, donos de escolas de samba, etc. Alguns chegaram a ser eleitos, mas agora estão gozando a temperatura amena de Bangu e de outros presídios.

    Ex-governadores, milionários espalhafatosos, parlamentares e empresários de alto coturno estão comendo o pão que o diabo amassou.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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