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    Carlos Heitor Cony

    Ping-pong

    12/11/2017 02h00

    Associated Press
    Os segredos por trás dos milhões de dólares que a China distribui em ajuda pelo mundoNos últimos 14 anos, foram 5 mil projetos em 140 países, incluindo Brasil; gigante asiático está em pé de igualdade com os EUA no que se refere a ajuda externa a países em desenvolvimento
    Richard Nixon (à esq.) cumprimenta o líder chinês Mao Tsé-tung durante visita à China, em 1972

    RIO DE JANEIRO - Nasci com uma telha de menos ou de mais. Daí que dificilmente aceito a opinião dos outros porque geralmente não tenho opinião nenhuma. Conscientemente, e até com certo orgulho, assumo a condição de espírito de porco, não aceitando a opinião geral tal como ela se expressa até hoje.

    Para citar um caso circunstancial e quase sem importância, declarando-me um anarquista triste, humilde e inofensivo, confesso que não faço parte da quase totalidade dos críticos do presidente Donald Trump, que hoje é a besta negra do noticiário internacional.

    Evidentemente que o homem deve ter, como eu, uma telha a mais ou a menos, daí que a maioria de suas atitudes e opiniões estarrecem o senso comum da atual humanidade. Sei que é difícil —e inútil— explicar aquilo que os outros considerarão uma opinião mas na realidade é um palpite meu que talvez nunca seja provado.

    Não dei muita importância, nem darei, à recente visita de Trump à China. Anos atrás, a dobradinha Nixon-Kissinger também foi à China num momento complicado para o mundo, que temia um conflito entre potências nucleares. O pretexto da visita oficial não foi político. Eles simplesmente acompanharam a equipe americana que foi disputar um torneio de ping-pong no país que havia criado o inocente jogo.

    O mundo livre ficou estarrecido, achando que Nixon perdera o juízo ao prestigiar um evento do mais feroz inimigo dos EUA naquele tempo. No entanto, independentemente dos protocolos e da mídia internacional, Nixon (que seria odiado pelos seus crimes no caso Watergate), provocou uma longa e benéfica distensão nos dois blocos antagônicos.

    Inexpressivos jogadores de ping-pong, um esporte gostoso, mas marginal, criaram uma pausa na tensa situação em que os dois países e o resto do mundo viviam.

    carlos heitor cony

    Escreveu até dezembro de 2017
    carlos heitor cony

    É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.

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