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    Caro Dinheiro

    Cedo ou tarde, bolha imobiliária no Brasil caminha para o estouro

    06/09/2013 11h41

    Não é a primeira vez que alertamos sobre o risco de uma bolha imobiliária no Brasil em nossa coluna.

    Cedo ou tarde, o mercado se conscientizará do estrondoso e irracional aumento dos preços dos imóveis e, como em um efeito dominó, irá corrigir os preços rapidamente, como sempre vemos no estouro das bolhas. Vale lembrar que esses mesmos preços levaram anos para subir.

    Essa semana o assunto veio novamente à tona, quando o economista Robert Shiller, professor da Universidade de Yale, alertou a população sobre a chamada "crise pontocom" e a bolha imobiliária nos Estados Unidos, e colocou o Brasil em seus discursos com preocupação.

    Segundo Shiller, "os preços dos imóveis vêm dobrando nos últimos anos. As pessoas agora estão tomando empréstimos para comprar imóveis. Se os preços entrarem em colapso, vai incorrer no mesmo tipo de problema que tivemos nos Estados Unidos".

    Toda essa especulação excessiva pode ser resumida em quatro pontos:

    • O governo já despejou mais de R$ 1 bilhão em crédito no mercado com o programa Minha Casa Minha Vida. E pretende liberar mais R$ 1 bilhão para o programa Minha Casa Melhor - um excelente programa no ponto de vista social, mas que possui efeitos colaterais.
    • Há um incentivo forte ao crédito. Em relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu que o governo brasileiro diminuísse a velocidade das concessões de crédito. O governo se preocupa em incentivar a demanda, porém esquece da oferta, que por sinal não acompanha esse movimento.
    • Em janeiro desse ano, na tentativa de conter a alta excessiva do dólar, governo retirou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de estrangeiros em aplicações de fundos imobiliários. Se por um lado isso atrai capital para o país, por outro, facilita a formação de uma bolha à medida que é mais fácil para o estrangeiro não só investir mas também especular no país.
    • Há um fator cultural e psicológico em que a maior parte dos brasileiros entende a compra de imóvel como um investimento seguro e de ganho infinito, ou seja, grande parte da população acredita que imóveis nunca podem se desvalorizar.

    Portanto, se você está pensando em comprar um imóvel como investimento, pense nos milhões de pessoas que tiveram exatamente a mesma lógica nos Estados Unidos até 2008.

    Em parceria com Leonardo de Siqueira Lima, economista pela EESP

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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