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    Caro Dinheiro

    Aumento do teto de financiamento com FGTS

    03/10/2013 10h30

    Foi notícia no país, há cinco dias, o anúncio do Banco Central de que as famílias registraram endividamento recorde. As dívidas representam 45,1% da renda anual acumulada das famílias, o maior patamar desde o início da série histórica do BC.

    Tais dados são condizentes com a política de crescimento adotada pelo Brasil nos últimos anos, em que o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) não impulsionou o aumento dos investimentos, mas sim o incremento do consumo, fomentado em grade parte pela concessão de crédito aos agentes.

    Em um momento de baixo crescimento do PIB e alta da inflação, é ainda mais fácil explicar esses altos níveis de endividamento, mas, nem por isso, eles ficam menos alarmantes.

    Para o departamento de economia do Banco Central, a principal razão para o aumento do endividamento familiar consiste no crédito imobiliário.

    À luz dessa informação, é de se estranhar a recente decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) de elevar o teto de financiamento imobiliário com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de R$ 500 mil para R$ 650 mil ou R$ 750 mil --dependendo da região do país--, o que impulsiona ainda mais o crédito habitacional.

    Tal resolução era reivindicada desde 2009 pelos setores de construção civil e bancário, mas pode agravar ainda mais a inflação e concentrar as operações em imóveis de valor mais alto, além de, evidentemente, comprometer o orçamento das famílias com endividamento.

    Basicamente, uma medida como essa, sob a prerrogativa de "ajudar na realização do sonho da casa própria", atende prioritariamente a interesses eleitoreiros e, ao agravar o quadro de endividamento, compromete o consumo sustentável, os investimentos por parte dessas pessoas e, finalmente, o crescimento do país.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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