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    Caro Dinheiro

    Jogo dos sete erros numa agência bancária

    23/11/2013 03h00

    Caro leitor, imagine uma situação corriqueira: você entra numa agência bancária e, de repente, se depara com uma funcionária usando um colete com a seguinte frase: "Posso ajudar?" ou com um simpático e atencioso gerente à disposição. E aí você se pergunta: será que eles querem me ajudar mesmo ou querem apenas oferecer produtos com o intuito de bater metas e assim ajudar, de fato, ao banco?

    Com certeza, esta pergunta não deve ser rara na cabeça dos clientes e a resposta, todos já conhecemos. A partir disso, desenvolvemos o que chamamos de "O jogo dos sete erros que os clientes cometem ao aceitar determinados produtos bancários".

    Veja:

    1º erro: Seu gerente oferece um título de capitalização com o argumento de que se trata de uma poupança "forçada", muito útil para quem não tem disciplina de poupar todo mês. Ele diz que você terá que depositar apenas R$ 50 por mês e ainda irá concorrer a prêmios.

    O erro: Ele omite que esse tipo de título é uma "furada", uma vez que se você resgatar antecipadamente terá um prejuízo. Existem estudos que comprovam que é mais fácil ganhar na Mega-Sena do que ser sorteado num título de capitalização.

    2º e 3º erros: O mesmo gerente simpático também oferece uma previdência privada que promete melhorar a sua renda quando você se aposentar. Ele diz que o cliente pode começar com aportes mensais de R$ 50.

    O erro: Ele omite o quanto será cobrado de taxa de administração e de custo de carregamento, bem como não estima a perda do poder de compra da renda por causa da inflação futura.

    O outro erro: Ele não informa que, no caso de um processo judicial ou de um divórcio, o acumulado da previdência privada será utilizada para pagar o que a justiça determinar (o que não acontece com a previdência social).

    4º erro: É oferecido um seguro de proteção ao cartão magnético do cliente a um custo mensal de R$ 10 sob a alegação de proteção em caso de perda.

    O erro: Omitir a informação de que, caso o cartão seja perdido, basta o cliente telefonar imediatamente para o SAC do banco e cancelá-lo.

    5º erro: Ao cliente o banco oferece uma conta corrente que cobra uma mensalidade de R$ 20, sobre o argumento de que o cliente terá muitos benefícios e facilidades maiores quando precisar de algum tipo de financiamento.

    O erro: Não diz ao cliente que existe uma modalidade de conta corrente gratuita, chamada Conta Corrente de Serviços Essenciais, que não invalidará a possibilidade de atendê-lo, caso precise de crédito bancário futuramente.

    6º e 7º erros: O mesmo gerente ainda oferece um cartão de crédito que cobra uma mensalidade de R$ 12 e uma taxa de juros de 6,99% ao mês (e garante que é a menor do mercado).

    Os erros: Ele omite que existem cartões de crédito que não cobram mensalidades e também não diz para o cliente que a taxa de juros incidirá a partir da data da compra e não a partir da data do fechamento da fatura.

    Observe a despesa total do cliente, caso ele aceitasse tudo o que lhe foi oferecido:

    Samy Dana
    Samy Dana

    Por isso, caro leitor, tome os devidos cuidados ao demandar os serviços bancários e adquira somente aquilo que você precisar. Saiba que título de capitalização deveria se chamar título de descapitalização e que previdência privada não previne coisa alguma.

    Post em parceria com o professor Fernando Antônio Agra Santos, doutor em economia aplicada (UFV), www.fernandoagra.webnode.com

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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