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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico - 7 de janeiro

    07/01/2014 03h00

    PANORAMA MUNDO

    A combinação de indicadores econômicos fortes vindos dos Estados Unidos e o dado mais fraco do que o esperado do indicador industrial chinês gerou um ambiente favorável à disparada do dólar.

    O dólar iniciou a última quinta-feira (2) com ganhos expressivos em relação às principais divisas do mundo, sob efeito da leitura de que o ambiente econômico americano pode abrir espaço para uma ação mais firme do Federal Reserve (Fed, banco central americano) no processo de normalização da política monetária.

    Números corroboraram essa leitura. O ISM, indicador de atividade industrial americano, recuou de 57,3 pontos para 57 pontos em dezembro, acima da previsão dos analistas, que era de queda para 56,8 pontos - qualquer resultado acima de 50 pontos já significa expansão. Mais cedo, foi conhecido o número de pedidos de auxílio-desemprego, que caiu 2.000, para 339 mil na semana, abaixo dos 345 mil esperados pelos analistas.

    Assim, os principais mercados europeus fecharam em queda na última quinta-feira, dia também de recuo em Bolsas americanas. Em Paris, o CAC-40 caiu 1,6%, para 4.227,28 pontos, em dia de volume baixo e sentindo o impacto do PMI industrial francês, que caiu para 47,0 pontos em dezembro, o menor nível em sete meses, e foi o destaque negativo da zona do euro.

    Já na última sexta-feira, mais dados negativos na Europa. Segundo o BCE (Banco Central Europeu), os bancos estão emprestando menos às companhias - um novo sinal de que a elevação da economia no continente permanece menos que robusta.

    O BCE reportou que o crédito às empresas recuou 3,1% em novembro na comparação com o mesmo período um ano antes. A queda foi um pouco maior que a ocorrida no mês anterior, de 3%.

    Analistas dizem que muitas companhias estão com medo de contrair empréstimos em meio a projeções incertas de crescimento, enquanto outras preservam caixa preventivamente.

    A economia da zona do euro, um bloco que cresceu de 17 para 18 países-membros com a adesão da Letônia no primeiro dia de 2014, expandiu-se apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2013, com taxa de desemprego em 12,1%. Os esforços dos governos para reduzir as dívidas, com cortes de gastos e elevações de impostos, têm pesado sobre o crescimento.

    As ações asiáticas foram pressionadas também pela queda do Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) para o setor de serviços da China, de 56,0 pontos em novembro para 54,6 pontos em dezembro. O indicador tem sido acompanhado cada vez mais de perto pelos investidores, pois reflete o desempenho da demanda doméstica no país.

    Nesta semana, destaque para os dados de emprego nos EUA. A semana também conta com a divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária do Fed, o Fomc. Na última segunda-feira o Senado dos EUA votou nomeação de Janet Yellen como presidente do Fed.

    Na China, serão divulgados indicadores de preços ao consumidor, clima de negócios e confiança do empresário. Já na Europa, haverá uma reunião do BCE, que não deve trazer nenhuma surpresa ao Mercado, ao contrário da última reunião em novembro, quando este reduziu ainda mais a taxa básica de juros da região.

    PANORAMA BRASIL

    O primeiro pregão de 2014 foi de queda expressiva, puxada por ações de construtoras e pela empresa de comércio eletrônico B2W, que deixou o Ibovespa na nova carteira, válida desde a última segunda-feira. O índice caiu 2,26%, para 50.341 pontos, afetado por diversas notícias negativas, sendo a principal delas o PMI chinês.

    Além disso, no período da tarde foi divulgada a balança comercial do Brasil, mostrando que o saldo de 2013, de US$ 2,561 bilhões, foi o menor desde 2001, quando marcou US$ 2,684 bilhões.

    O ano inicia com uma forte pressão de alta do dólar frente às principais moedas diante da divulgação de dados positivos nos Estados Unidos e da queda do Índice de Gerentes de Compras da China, que acentuou a desvalorização das moedas atreladas a commodities em relação à divisa americana.

    No mercado local, a redução da oferta de dólares pelo Banco Central, que iniciou a segunda fase do programa de intervenção no câmbio, contribuiu para ampliar a queda da moeda brasileira. O dólar comercial encerrou a semana em alta de 1,44%, a R$ 2,3910, maior cotação desde 22 de agosto de 2013, quando a moeda americana fechou em 2,4320 e o BC iniciou o programa de intervenção no câmbio.

    Na segunda etapa do programa, que será estendido até 30 de junho, o BC reduzirá a oferta de dólares por meio de swaps de US$ 2 bilhões por semana para US$ 1 bilhão e os leilões de swaps passam a ser realizados de segunda a sexta.

    Já os leilões de linha de dólar com compromisso de recompra deixarão de ser realizados todas as sextas, passando a ocorrer somente em momentos de maior demanda por liquidez no mercado.

    O primeiro pregão do ano também foi marcado pelos fortíssimos ajustes que o Ibovespa passou no leilão de encerramento, em função da nova metodologia que entrou em vigor na última segunda-feira.

    O dólar comercial fechou a semana em R$ 2,3740 e já acumula valorização de 0,72% em 2014.

    Depois de atingir a mínima de R$ 2,37, a moeda americana reduziu a queda após o discurso de Charles Plosser, presidente do Federal Reserve da Filadélfia, que afirmou que o banco central americano pode ter que elevar as taxas de juros de curto prazo mais rápido do que muitos esperam. O executivo passa, a partir deste ano, a ter direito a voto no fomc, o comitê de política monetária do Fed.

    Passadas as festas de final de ano, a próxima semana deve marcar a volta do ritmo normal da Bolsa brasileira. No 10 o mercado volta a ficar agitado com a divulgação do IPCA (índice de inflação oficial) de dezembro.

    O índice não deve trazer grandes surpresas e, muito provavelmente, apresentará um resultado dentro da meta. Contudo, vale destacar que o governo deve trazer, no mesmo dia, uma nova ponderação para o cálculo da inflação brasileira.

    Post em parceria com Helena Passeri, graduanda em economia pela FGV-EESP e consultora da consultoria júnior em economia (CJE) da FGV (http://cjefgv.webs.com), em nome da área de pesquisa da empresa

    Glossário:

    PMI - O Purchasing Managers Index, ou "Índice dos Gestores de Compras", é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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