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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    01/04/2014 10h12

    PANORAMA MUNDO

    Depois do comunicado do Fomc (comitê de política monetária do banco central americano) há duas semanas, que sinalizou que a subida nos juros dos títulos americanos poderia ser adiantada, a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, tentou contornar a situação.

    Em seu discurso de segunda-feira, Yellen deu sinais de que a análise dos indicadores mudou. Porém, acredita-se ainda que haja espaço para extrair benefícios de uma política de juros baixos em um período prolongado.

    Alguns analistas acreditam que os juros só serão elevados no início de 2015 caso haja um grande consenso entre os membros do Fomc quanto aos indicadores americanos.

    As Bolsas americanas reagiram bem diante disso e fecharam o mês em alta. Enquanto o S&P 500 ganhou 0,7% no mês, o Dow Jones se valorizou 0,8%. A revisão positiva do PIB (Produto Interno Bruto) americano do quarto trimestre de 2013 também ajudou no movimento de alta. A economia dos EUA cresceu 2,6% entre outubro e dezembro, e não 2,4%, como antes calculado.

    O dado que mais desapontou nos EUA na semana passada foi a confiança do consumidor que, em março, foi a menor em quatro meses. Já na zona do euro, tanto a confiança do consumidor quanto a da indústria subiram em março.

    O problema na zona do euro continua sendo o risco de deflação. A prévia da inflação de março foi de 0,5% e se distanciou ainda mais da meta de 2% colocada pelo Banco Central Europeu. O presidente do banco, Mario Draghi, disse estar vigilante e deu sinais de que pode intervir fortemente para reaquecer os preços.

    Nas Bolsas da região, os movimentos foram mistos, mas grande parte encerrou o trimestre no negativo. Destaque para a Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, que teve leve valorização após a divulgação de vendas no varejo acima das expectativas.

    No Japão, um dos acontecimentos mais importantes para o plano econômico acontece hoje: a alta no imposto sobre consumo. A medida busca aumentar a arrecadação do governo japonês, mas pode prejudicar o crescimento do país. A produção industrial do país caiu 2,3% em fevereiro e não há perspectiva de novas medidas governamentais para estimular a economia e melhorar esse cenário.

    Amanhã serão divulgados o PIB trimestral e anual da zona do euro, além da prévia do indicador de serviços da China. No dia seguinte, PMIs europeus e decisão de taxa de juros do BCE serão o centro das atenções dos investidores. Na sexta-feira, os EUA divulgam a taxa de desemprego.

    PANORAMA BRASIL

    Mesmo com a notícia do rebaixamento da nota de crédito feita pela S&P na semana passada, a Bolsa brasileira teve forte alta. A explicação consenso no mercado é de que o rebaixamento já estava precificado e a notícia da baixa popularidade de Dilma Rousseff teria melhorado o humor dos investidores.

    O Ibovespa teve seguidas altas de mais de 2% na semana e fechou março ganhando 7%, a maior alta mensal desde janeiro de 2012. Os ganhos foram sustentados pelo bom humor externo com o discurso de Yellen e com a possibilidade de estímulos na zona do euro.

    Os mesmos motivos colaboraram para a maior queda do dólar frente ao real em meses. O dólar fechou o mês a R$ 2,269, com variação negativa de 3,24% desde o início do mês.

    Na semana passada, o relatório trimestral de inflação do BC foi divulgado e deu sinais de que o aperto monetário pode ir mais longe.

    Esperava-se que o último aumento na taxa de juros fosse realizado na reunião de amanhã e que este seria de 0,25 ponto percentual. Contudo, as expectativas de inflação continuam se deteriorando com o aumento do repasse de combustíveis e energia, e isto abre espaço para um novo aumento da Selic no futuro.

    No primeiro bimestre de 2014, dados registraram um superavit primário de 1,22% do PIB, que além de ser o pior resultado desde 2009, ainda passa longe da meta de 1,9%. Isso justifica em parte o rebaixamento da nota de crédito brasileira e coloca em xeque a credibilidade da política fiscal do país.

    Os principais eventos acontecem amanhã, com a decisão da taxa Selic por parte do Copom e com a divulgação da produção industrial anual.

    Post em parceria com Gerson Sordi, graduando em economia pela FGV-EESP e consultora da consultoria júnior em economia (CJE) da FGV (http://cjefgv.webs.com/), em nome da área de pesquisa da empresa

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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