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    Caro Dinheiro

    Juros e inflação: analisando o cenário

    09/04/2014 14h25

    A trégua do início do ano parece estar chegando ao fim e o cenário de subida dos preços dos alimentos e de alta nos serviços volta a ganhar força. O BC (Banco Central), diante disso, passa a ter que lidar com uma situação bem mais complexa e instigante na economia nacional. Mas até que ponto o Brasil está em maus lençóis?

    O contexto muito mais complexo de pressão nos preços do atacado, especialmente no dos alimentos foi exposto pelos IPAs. Já o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mostrou pressão nos valores cobrados pelo setor de serviços, especialmente, no das mensalidades das escolas. Por fim, os IGPs de março também apontaram para a tendência de inflação forte.

    É possível estimar uma alta de 0,25% da Selic (a taxa básica de juros) para o mês de abril, com um efeito cascata e algumas altas, já esperadas, na sequência. Além disso, o frio intenso nos EUA e o calor e a seca fortes no Brasil fizeram com que os produtos agrícolas disparassem. Outro dado relevante é o do custo da energia elétrica, que está a cada dia mais elevado devido à conta do uso das térmicas. Ainda na lista de fatores a serem analisados, é possível afirmar que a taxa de câmbio iniciou uma trajetória decrescente, porém a subida dos preços não passará impune e deverá se refletir nos índices em breve.

    Assim, é possível dizer que a missão do Banco Central ficou mais árdua e que o risco de estouro da meta para 2014 aumentou significativamente.

    Na contramão de tantas preocupações, é possível ver com otimismo o cenário do emprego no Brasil, que continua sólido. Também é necessário dizer que o efeito do downgrade da dívida brasileira pela S&P teve, por enquanto, um efeito positivo no final das contas, por mais irônico que isso possa parecer. Bolsa, câmbio e juros já vinham convivendo com preços de nota de risco mais baixa. A movimentação dos CDS brasileiro (mercado que negocia o valor do seguro contra a inadimplência do emissor de um dívida) mais recentemente mostra claramente que os desgastes já estavam precificados nos ativos.

    Não houve correção, nem ajustes após a divulgação da nota e o melhor é que sabe-se que, ao longo do ano inteiro, nenhuma novidade mais será divulgada por esta agência, que possa desestabilizar a economia de alguma forma e trazer um clima de insegurança.

    Considere-se também que os indicadores macro externos não podem ser avaliados como ruins se comparados aos dos outros países emergentes, em situação similar a do Brasil.

    O downgrade, logicamente, foi uma notícia ruim, porém, ao mesmo tempo, pode colaborar para que o governo haja de forma mais rápida e mais eficiente no sentido de fazer correções, especialmente no âmbito fiscal. Ter uma queda na nota não significa um problema insolúvel para o Brasil no que diz respeito à liquidação de ativos. O retorno brasileiro ainda é alto, especialmente se contextualizarmos o risco oferecido por nossos pares. E que tenhamos em mente que: juros na casa dos 13% e Selic acima de 11% ainda significam yelds imbatíveis se considerarmos o risco Brasil.

    Post em parceria com o estrategista da Paulo Gala da Fator Corretora

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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