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    Caro Dinheiro

    O legado da Copa

    24/04/2014 09h55

    Até agora, do ponto de vista financeiro, a Copa do Mundo do Brasil vinha se consolidando como um sonho distante para boa parte dos brasileiros, por conta dos altos preços. Além das dificuldades para comprar e pagar pelas entradas para os jogos, a alta nas passagens e na hospedagem foi um banho de água fria para a torcida tupiniquim.

    Mas indícios de uma reviravolta começam a surgir. Esta semana, um levantamento feito pelo site internacional Trivago (especializado em comparar preços de hotéis) mostrou uma desaceleração nos preços das hospedagens para assistir à final da Copa no Rio.

    A redução foi de 43% - os preços caíram quase pela metade, portanto. Líderes do setor agora incentivam os empresários a reduzirem os preços para tentar atrair, ainda que em cima da hora, o cliente brasileiro. O "excessivo otimismo" foi apontado como o vilão dessa história. Agora todos reconhecem que a taxa de ocupação não tem sido tão boa quanto se esperava e o jeito de resolver isso é recuar e reduzir as diárias.

    Podemos analisar isso sob a sombra de vários fatores, mas, sem dúvida, o mais significativo dele é o poder de barganha do consumidor, a "firmeza" em não aceitar pagar qualquer valor e aprender a usar isso como ferramenta de regulação dos preços.

    Dizer "não" para produtos e serviços caros é um direito de todo consumidor e que, quando ganha coro junto a outros consumidores, acaba servindo de ferramenta para o espontâneo autocontrole dos preços e uma oferta com valores mais equilibrados.

    É na lei da oferta e da procura que é possível encontrar a explicação para todos os preços praticados, para todos os abusos cometidos e para todos os recuos.

    O que ocorre agora com os preços de hospedagem é uma lição bem dada pelos consumidores estrangeiros, que não aceitaram pagar qualquer valor para poder assistir a Copa e não lotaram os hotéis, como era esperado. Por outro lado, estamos falando de um amadurecimento da sociedade brasileira frente aos preços praticados, talvez o legado mais inesperado de todos para esta Copa.

    Post em Parceria com Adriana Matiuzo

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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